sábado, 26 de setembro de 2015

MPF arquiva último inquérito sobre Lula no Mensalão



Não foram encontras provas sobre suposto repasse de US$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT

Jornal do Brasil

A Procuradoria da República no Distrito Federal pediu o arquivamento de um inquérito instaurado para investigar um suposto repasse de US$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci eram suspeitos de terem participado diretamente da negociação do repasse. Essa era a última investigação em curso sobre eventual envolvimento de Lula em crimes correlatos ao "Mensalão".
  
A apuração foi aberta em 2013, a partir de um depoimento do publicitário Marcos Valério, preso desde novembro daquele ano por ter sido o operador do esquema. Valério afirmou que a transferência em questão foi acertada em uma reunião no Palácio do Planalto, na presença de Lula e Palocci. Valério apontou as contas no exterior que teriam sido indicadas ao empresário Miguel Horta, diretor da Portugal Telecom, para realizar as transações com o PT.
 
No depoimento, Valério disse que Lula tinha conhecimento do mensalão e que o suposto empréstimo da Brasil Telecom serviria para quitar dívidas de campanhas do PT de 2002 e 2004. De acordo com o publicitário, à época, a companhia portuguesa pretendia adquirir o controle da brasileira Telemig Celular.
A polícia não conseguiu rastrear, porém, os supostos desembolsos da Portugal Telecom, "seja porque algumas das contas não foram localizadas, seja porque não foram identificadas movimentações financeiras capazes de indicar pagamentos aos ora investigados", afirma a Procuradoria no despacho de arquivamento, que data do último dia 3.
 
De quatro contas investigadas, uma não existia e duas não puderam ser rastreadas, porque a China e a Bélgica não firmaram acordo de cooperação com o Brasil. Apenas uma conta pôde ser localizada e rastreada pela PF: levou a uma empresa corretora de grãos, com sede em São Paulo e filial na Suíça. Não foram encontrados, no entanto, vínculos entre o dinheiro que por ali passou e a empresa portuguesa e o PT.
 
A investigação ouviu cerca de 20 pessoas em mais de dois anos, entre elas Lula, que depôs em Brasília em dezembro de 2014, e Horta, ouvido no início deste ano. Ambos negaram os repasses. Também prestaram depoimento Palocci, Dirceu e o ex-deputado Roberto Jefferson, delator do mensalão.
 
Ao final do despacho de arquivamento, a Procuradoria conclui: "As investigações não conseguiram comprovar o desembolso de valores da empresa em favor do Partido dos Trabalhadores". Agora, o arquivamento aguarda análise da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, especializada em casos de lavagem de dinheiro.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Lava Jato: Janot diz que não há dado para inclusão de Lula como investigado


No entanto, procurador é favorável à convocação de ex-presidente como testemunha
Jornal do Brasil


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, emitiu parecer favorável ao pedido da Polícia Federal (PF) para ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no inquérito principal aberto no Supremo Tribunal Federal para apurar fraudes na Petrobras. No entanto, Janot sustenta que o ex-presidente deve ser ouvido na condição de testemunha e não de investigado, como queria a PF. Para Janot, ainda não há nenhum dado objetivo que justifique a inclusão de Lula no rol dos investigados.
 
“Quanto aos novos nomes indicados pela autoridade policial, não há nada de objetivo até o presente momento que justifique uma ampliação, perante o Supremo Tribunal Federal, do escopo das pessoas investigadas. Isso não impede, entretanto, que as pessoas mencionadas pela Polícia Federal sejam ouvidas no presente inquérito, por ora, como testemunhas”, afirma Janot no parecer.
 
O procurador-geral alega que não é possível transformar uma pessoa de testemunha para investigada sem a indicação de um fato concreto que a vincule a um crime específico.
 
Janot lembra ainda que já existe uma investigação sobre fraudes na Petrobras na 13ª Vara de Curitiba relacionada a pessoas sem foro no STF. Para o procurador-geral, a PF deveria, então, fazer uma análise de cada caso concreto antes de se dirigir ao STF para evitar duplicidade de investigação.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Por que os brasileiros desconhecem as realizações do governo Dilma?

Em 2014, o Jornal Nacional, da Rede Globo, exibiu mais de 9 horas de notícias desfavoráveis ao governo Dilma, contra apenas 45 minutos de favoráveis. 

 
Divulgação

Najla Passos

Brasília - Os brasileiros que assistiram ao horário eleitoral gratuito da última quinta, na TV, se surpreenderam com a grandiosidade das realizações do governo Dilma Rousseff (PT), mostradas com extremo cuidado estético pela propaganda eleitoral. Quando a peça publicitária exibiu a imagem de duas torres de transmissão de energia instaladas sob o Rio Amazonas, na fronteira do Pará com o Amapá, cada uma delas com 295 metros, só 29 a menos do que a Torre Eiffel de Paris, a reação de muitos foi protestar nas redes sociais: “Isso só pode ser mentira”.

Não é. As duas torres compõem um conjunto de outras 3,3 mil, de menores proporções, instaladas em uma rede de transmissão de 1.750 Km, que levam a energia gerada pela Usina de Tucuruí, no Pará, até Macapá, no Amapá, e depois até Manaus, no amazonas. Absolutamente desconhecida dos brasileiros, a obra faz parte de um programa maior que, nos quatro anos do governo Dilma, implantou 23 mil Km de linhas de transmissão, o equivalente à metade da circunferência do planeta. E, dessa forma, permite que uma região do país possa socorrer a outra, em caso de insuficiência energética.

“Mas como nós nunca soubemos disso? Como uma imagem dessas proporções e significado nunca estampou a capa dos jornais e revistas”, se questionavam muitos. A resposta é simples e foi dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mesmo programa. “Meus amigos e minhas amigas, eu tenho certeza que você já tá surpreso com tanta coisa que a Dilma fez e você não sabia. Garanto que ficará ainda mais. Esta campanha vai servir exatamente para isso: para você ver como certa imprensa gosta mais de fazer política do que informar bem, como só consegue falar mal e é capaz de esconder obras fundamentais que estão transformando o Brasil. É por isso que a gente diz que, na minha primeira campanha, a esperança venceu o medo e, nesta da Dilma, a verdade vai vencer a mentira”, afirmou.

Lula não fez bravata. A afirmação tem lastro científico. Pesquisa realizada pelo Laboratório de Mídia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no projeto batizado como “Manchetômetro”, comprova que, em 2014, o Jornal Nacional da TV Globo, o principal do país, exibiu 9 horas, 19 minutos e 37 segundos de notícias desfavoráveis ao governo federal. Já as positivas ocuparam um espaço de apenas 29 minutos e 40 segundos. A pesquisa considerou toda as notícias exibidas este ano. Como é atualizada diariamente, os dados contidos nesta matéria englobam até o noticiário da última sexta (22).

A pesquisa classifica também as notícias negativas por partido: o PSB de Marina Silva teve 1h 12m e 12 S de noticiário neutro, o PSDB de Aécio Neves foi retrato em 1h 25m e 31s de notícias neutras, 1 h 19m e 18s de notícias contrárias e 8m de favoráveis. Já o PT de Dilma Rousseff contou com 1h 9m e 13s de neutras, 55s de favoráveis e 3h 25m e 5 s de negativas. Em relação aos candidatos, o estudo aponta que o JN exibiu 1h, 25m e 30s de notícias negativas sobre a presidente, e apenas 3m e 35s de notícias favoráveis.
A proporção muda significativamente quando o candidato em questão é Aécio Neves. Foram 5m e 35s de notícias desfavoráveis a ele, contra 7m e 45s de favoráveis. No restante da imprensa monopolista, não é diferente. Outra pesquisa realizada pelo mesmo instituto mostra que, durante todo o ano, as manchetes dos três principais jornais do país (O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo) são visivelmente contrárias ao governo da presidenta Dilma: 48 negativas contra 8 positivas. Os candidato Aécio Neves (PSDB) teve 6 favoráveis e 3 contrárias, uma proporção bastante diferente. O então candidato Eduardo Campos, do PSB, morte recentemente em acidente aéreo, tal como o tucano, teve 6 favoráveis e 3 contrárias. O PT foi retratado em 56 manchetes negativas e apenas uma única positiva.

Preconceito contra a atividade política e crítica à economia

As pesquisas da UERJ revelam também o preconceito exacerbado da mídia contra a atividade política e a crítica permanente ao modelo econômico adotado pela presidenta para enfrentar a crise econômica mundial, sem prejudicar os mais pobres. Nos três principais jornais do país, foram 136 manchetes negativas acerca da atividade política, contra apenas duas positivas. Em relação à economia, o Brasil do pleno emprego e da inflação controlada dentro da meta foi retratado em 118 desfavoráveis e apenas 5 positivas. No Jornal Nacional, foram 15h, 58m e 5s de notícias contrárias à atividade política e apenas 1h, 21m e 10s de favoráveis. Em relação à economia, 3h, 5m e 2s de noticiário negativo, contra 18m e 40s de positivo.

Créditos da foto: Divulgação


 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

"Precisamos acabar com a corrupção da opinião pública feita pela mídia", diz Venício Lima

21 Setembro 2015 



Por Vivian Fernandes
 Brasil de Fato

A corrupção promovida pela mídia, as intenções golpistas, a concentração dos meios e as novas leis para promover a democracia no setor foram os temas que marcaram o Seminário Internacional "Mídia e Democracia nas Américas", promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Os debates ocorreram com transmissão online, entre a sexta-feira (18) e o domingo (20), na cidade de São Paulo. Estiveram presentem representantes de dez países do continente americano.
 
Fazendo uma referência aos noticiários dos grandes meios de comunicação, o professor da Universidade de Brasília (UnB) e membro do Conselho Curador da empresa pública de comunicação, a EBC, Venício Lima iniciou o debate falando a respeito do caso brasileiro.
 
“Se corrupção é a prevalência de interesses privados sobre os públicos, quando a mídia seletivamente apresenta interesses seus, privados, como se fossem públicos, ela está desenvolvendo um processo sistemático de corrupção da opinião pública”, afirmou.
 
A homogeneidade do discurso midiático no Brasil foi outro fator problemático apresentado pelo teórico. “A narrativa da mídia é tão homogênea que é como se tivesse um único editor para todas as notícias de todos os meios", disse. E citando um exemplo recente, Venício traz o tema da “mediatização penal”: “A mídia denuncia, julga, condena e quando se prova a inocência, a mídia não recua e continua condenando”, avaliou.
 
O professor ainda cobrou do governo federal a saída para a “armadilha que ele próprio caiu”. Ele apontou que “os governos populares eleitos nas quatro últimas eleições acreditaram, de forma equivocada, que poderia ser feita uma aliança entre o governo e os oligopólios de mídia. E por acreditar nessa possibilidade foram se perdendo as oportunidades de fazer o mínimo” para democratizar a comunicação no Brasil através da promoção da “pluralidade e diversidade”.
 
A crítica à política promovida pelos governos PT também veio de outros palestrantes e do público. Para Osvaldo León, da Agência Latino-americana de Informação (Alai-Equador), “é incrível como em quatro governos do PT, o partido ainda não tem uma política democrática de comunicação”.

Governo brasileiro
Representando o Ministério das Comunicações do Brasil, estava Emiliano José, Secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica. Ele apontou que: “Tivéssemos nós regulamentado os artigos da Constituição, do 220 ao 224, teríamos uma mídia mais democrática que a de hoje”, reconhecendo que o governo não avançou muito na democratização da comunicação.

Ao falar do livro que pretende lançar em breve, e reafirmando que esta é uma análise feita em seu próprio nome, ele declarou que “a mídia brasileira sempre teve lado. Ela nunca tergiversou em que lado ela situa e não é do lado do povo brasileiro. Ela sempre teve posições extremamente conservadoras”. Sobre a atual conjuntura política do país, José alertou que “os grupos hegemônicos da mídia desempenham um papel essencial nesse intento golpista”.

“Nesse momento, na conjuntura que nós vivemos, pedir uma regulação da mídia é uma contradição com a correlação de forças que vivemos, sobretudo com um Congresso com essa composição”, sinalizou José. Esta afirmação causou polêmica entre os participantes e alguns reagiram apontando que a luta pelo democratização da mídia não cessaria, como foi o caso de Rosane Bertotti, da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Direito à comunicação
“O Brasil está atrasado na discussão da democratização dos meios”, foi o ponto de partida pelo qual o Relator Especial para Liberdade de Expressão na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Edson Lanza fez sua apresentação.
 
Abordando a liberdade de expressão em sua dimensão individual – direito de cada pessoa em buscar, receber, compartilhar e produzir informação - e coletiva – que tem a ver com a garantia da democracia -, Lanza sustentou sua argumentação. Dentro disso, ele afirmou que “os oligopólios ou monopólios [dos meios] atentam contra a liberdade de expressão e a democracia”.
 
Lanza também apontou que é papel do Estado assegurar a democracia no país, garantindo a presença dos três setores: público, privado e comunitário nos meios de comunicação.
 
Nesse sentido, Néstor Busso, ex-presidente do Conselho Federal de Comunicação da Argentina e ativista das rádios comunitárias, abordou o processo de construção da Lei de Meios em seu país. “O central é que a comunicação é um direito, não um negócio. A liberdade de expressão é um direito de todas as pessoas, não dos donos dos meios”, apontou.
 
“O Estado para garantir o direito à comunicação e à liberdade de expressão, deve assegurar diversidade e pluralismo. Isso significa que o Estado tem que atuar com políticas públicas para garantir esse direito, se faz isso colocando limites aos poderosos e promovendo a palavra e expressão dos setores mais postergados e pobres”, explicou.

Leis de Meios
Sobre o caso argentino, Busso ainda contou que as licenças de rádio e TV são divididas igualmente em três tipos de prestadoras: privada ou comercial, social (sem fins de lucros ou comunitária) e pública (que pode ser estatal ou não-estatal).
 
Assim como na Argentina, o Equador possui um modelo de participação dividido em um terço para cada setor. Segundo Osvaldo León, da Alai, um tema importante na legislação equatoriana é sobre a publicidade estatal. “Se a Constituição reconhece três setores, a publicidade estatal deve distribuir-se em três porções iguais”. Isso serve, em especial, para os comunitários, que possuem dificuldades de autossustentação.
 
Apesar de existir há dois anos na lei do Equador, León aponta que não há muitos avanços de democratização dos meios, e afirmou que “não tem nenhuma frequência outorgada para o setor comunitário”.
 
Ainda no capítulo sobre Leis de Meios, experiências do Uruguai, Venezuela, Equador e Bolívia também foram apresentadas. Guardadas as particularidades, em comum pode-se apontar que as mudanças legais foram possíveis pela vontade política dos governos, mas, principalmente, pela mobilização popular, como recordaram todos os representantes destes países.
“A lei não muda a realidade do dia para a noite, mas precisa uma profunda mudança cultural. É um processo que estamos fazendo, mas ainda há muito o que fazer”, refletiu Néstor Busso, da Argentina.

Oligopólio da mídia
“Antes nós vimos como funciona no paraíso, agora cabe a mim levá-los ao inferno”, brincou Luis Hernández Navarro, editor do jornal mexicano La Jornada, referindo-se às apresentações dos países onde há lei de meios, e abrindo o caminho para apresentar uma realidade de oligopólio midiático, como é a do México, Chile, Colômbia e Brasil, entre outros.
 
“No México, 96% das concessionárias comerciais de televisão pertencem a duas empresas. E 80% das emissoras de rádio são propriedade de três círculos comerciais. Estamos falando de uma concentração monopolista que vai acompanhando de um projeto de hegemonia semântica”, afirmou Navarro.
 
“Não é somente hegemonia informativa, não é só que os noticiários se informem o que querem informar, e que se oculte o que se quer ocultar; tem a ver como todo o sentido que se dá. Porque a indústria midiática forma parte de um conjunto de entretenimento, de tal forma que estes grupos controlam a principal quantidade de revistas, teatros, salas de cinema”, apontou Navarro sobre a concentração no México.
 
A conversão dos grande grupos midiáticos em atores políticos, “em organismos ideológicos dirigentes, que acabam articulando protestos, convocando a população contra governos progressistas em dois grandes eixos: o da segurança pública e o da corrupção”, foi outro tema abordado pelo mexicano, que sentenciou que esse “é um fenômeno latino-americano”, citando casos como o de seu país e o de Guatemala, por exemplo.
 
Golpe
Imersos na realidade brasileira, comentários em referência às tentativas golpistas dos meios de comunicação no Brasil, como o inicialmente falado pelo professor brasileiro Venício Lima, foi marcante ao longo do seminário.
 
“O debate da lei no Brasil não é importante só para o Brasil, mas para toda a América Latina. Queremos uma democracia com governos eleitos pelo povo e não governadas pelo poder econômico e pela mídia”, disse o argentino Busso.
 
“Não é mais preciso o fuzil dos militares para promover o golpe, há os meios de comunicação que o fazem”, afirmou Amanda Dávila, ex-ministra das Comunicações da Bolívia.
 
Ela ainda comparou seu país ao Brasil. “Na Bolívia temos maioria no Congresso, quem apoia o governo do presidente Evo são mais de dois terços. No Brasil, o cenário é adverso, no Congresso como está é difícil promover mudanças. É preciso um processo de mudança cultural e política, construído a partir do povo, das mobilizações populares”, salientou Amanda.
 
A ex-ministra boliviana ainda indicou que “se há um golpe no Brasil, o impacto não seria só para o Brasil, mas para todos os países da região. Não gostaria de pensar numa situação como essa, pois seria o fim de muito dos nossos processos”.
 
“O embate entre mercadoria e direito é central para a análise dos meios de comunicação no Chile”, apontou Javiera Olivares, presidenta do Colégio de Jornalistas do Chile.



quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Miguel Horta e Costa ilibado de corromper Lula da Silva

15.09.2015 às 14h21



Miguel Horta e Costa quando era presidente executivo da PT, cargo que desempenhou até 2006.
As suspeitas relacionadas com o Mensalão vieram logo depois
Tiago Miranda



Foi encerrada uma investigação do DCIAP ao ex-presidente da Portugal Telecom sobre uma denúncia feita por Marcos Valério, figura-chave do escândalo Mensalão
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) decidiu dar por concluído o inquérito-crime que tinha em curso sobre Miguel Horta e Costa, ex-presidente da Portugal Telecom. Em causa estava um alegado crime de “corrupção no comércio internacional” cometido pelo gestor entre 2004 e 2005. O arquivamento do caso foi confirmado ao Expresso por Paulo Sá e Cunha, advogado de Horta e Costa.
 
A investigação tinha sido iniciada em dezembro de 2014 na sequência de um pedido de cooperação das autoridades brasileiras. Marcos Valério, um publicitário brasileiro que surgiu como uma das figuras centrais do escândalo de corrupção Mensalão, contou ao Ministério Público brasileiro em 2012 que a Portugal Telecom teria dado seis milhões de euros de financiamento ilegal ao Partido dos Trabalhadores (PT) durante o governo de Lula da Silva e que essa verba teria sido negociada diretamente entre Horta e Costa e o presidente do Brasil. O suborno teria como contrapartida o desbloqueio, por parte do governo de Brasília, do negócio de compra de uma empresa de Minas Gerais, a Telemig Celular, pela Portugal Telecom.
 
Uma carta rogatória com um pedido para que a Procuradoria-Geral da República portuguesa procedesse a um interrogatório ao ex-número um da operadora telefónica acabaria por fazer o DCIAP abrir uma investigação autónoma. O inquérito envolveu o acesso e a análise a contas bancárias do universo da Portugal Telecom e de Miguel Horta e Costa. O gestor foi interrogado no DCIAP a 9 de janeiro, há nove meses.
 
Marcos Valério, condenado a 37 anos de prisão por ter sido o responsável financeiro do esquema do Mensalão, chegou a contar que o suborno negociado entre Lula e Horta e Costa teria sido pago através de uma empresa fornecedora da Portugal Telecom em Macau.
 
Num esclarecimento publicado na revista Veja, no Brasil, em fevereiro, Horta e Costa dizia que a denúncia não fazia muito sentido uma vez que o controlo da Telemig pela Vivo (operadora brasileira controlada pela PT e pela Telefónica espanhola) só viria a concretizar-se em abril de 2008, dois anos depois de o gestor ter deixado o cargo de presidente da Portugal Telecom.

Fonte

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

As almas gêmeas de Petra Laszlo na mídia brasileira

10/09/2015 - Copyleft

Petra Laszlo, jornalista húngara que chutou imigrantes tem várias cópias brasileiras, como Rachel Sheherazade. 

Paulo Nogueira - Diário do Centro do Mundo
 
reprodução
Alguém pergunta, numa rede social: como uma profissão que sempre produziu pessoas de alta consciência social, o jornalismo, pode abrigar monstros morais como a húngara Petra Laszlo?

Petra virou uma abominação mundial ao ser flagrada chutando e derrubando refugiados na Hungria.
 
A explicação para a conduta desumana de Petra não está no afrouxamento do caráter dos jornalistas, embora isso possa estar acontecendo.
 
A resposta está na ideologia.
 
Petra, como logo se soube, é nacional socialista. Ou seja, nazista. Ela trabalhava, até ser demitida ontem mesmo, numa emissora de extrema direita da Hungria.
 
Um traço essencial do caráter das pessoas de extrema direita é a desumanidade, o ódio torrencial, a falta de compaixão, solidariedade e outras coisas que conectam os seres humanos.
 
Detestam imigrantes. Detestam pobres. Detestam negros. Detestam homossexuais e demais minorias.
 
São incapazes de se comover com o sofrimento de uma criança miserável. Preferem vê-la morta.
 
Petra é deste grupo.
 
Ela guarda uma notável semelhança física com uma alma gêmea sua, o norueguês Anders Breivik, o ultradireitista que matou mais de 70 jovens em nome do combate à expansão dos muçulmanos.
 
O mesmo semblante, a mesma frieza, o mesmo ar de pretensa superioridade racial.
 
No Brasil, essa escória moral está por trás de grupos que vestem verde e amarelo e vão para as ruas pedir a volta da ditadura.
 
Nas redes sociais, eles disseminam seu ódio patológico, cego e obtuso. Um de seus alvos frequentes são os nordestinos, para eles uma subraça, assim como os refugiados para Petra.
 
Há um mentor por trás da extrema direita brasileira, o pseudofilósofo Olavo de Carvalho, que é a própria personificação do ódio.
 
Ele arregimentou seguidores que espalham sua pregação raivosa, intolerante e primitiva.
 
Entre eles está uma espécie de duplo de Petra, Rachel Sheherazade.
 
Sheherazade virou um caso nacional quando defendeu os linchadores de um garoto que tem todos os defeitos para gente que pensa como ela: pobre e negro.
 
Até o governo federal, tão leniente quando se trata de encher de dinheiro empresas de mídia que sabotam a democracia, ficou passado.
 
Para não perder o Anualão de 150 milhões de reais de verbas publicitárias do governo, Silvio Santos colocou-a na geladeira. Transformou-a numa locutora, à espera, com certeza, de que o PT saia do poder para devolvê-la à condição de comentarista.
 
Petra faria o mesmo que Sheherazade, caso fosse brasileira.
 
Se estivesse filmando o menino justiçado que trouxe notoriedade a Sheherazade, daria os mesmos pontapés que deu em refugiados em situação extrema, incluídas crianças.
 
Parecia que o Brasil estava livre da praga da extrema direita inumana.
 
Mas não.
 
Ela está aí, com todo o catálogo de abominações típicos dos nazistas.
 
E o pior é que, por razões oportunísticas e sórdidas, os senhores do ódio recebem no Brasil o estímulo da oposição e, claro, da imprensa.
 
Basta ver o número de ultradireitistas com posições privilegiadas nas corporações de mídia.
 
Sheherazade, nossa Petra, é um caso que está longe de ser único.
 


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

7 dados para você não falar bobagens sobre a redução dos ministérios

setembro 7, 2015 14:51 
 
7 dados para você não falar bobagens sobre a redução dos ministérios

Cortar ou fundir ministérios, para reduzir o número total, é tudo o que a oposição quer que Dilma faça: dar um tiro no pé!

Por José Augusto Valente, da Carta Maior

Esse assunto, volta e meia, reaparece no debate nacional. Geralmente, de forma torta, como tentarei demonstrar a seguir.

A primeira pergunta, que quase ninguém se faz é: qual o número adequado de ministérios, empresas, autarquias, cargos, funções e funcionários públicos?

A resposta a essa pergunta é óbvia: depende!

Se o projeto vencedor nas eleições fosse o do Aécio ou o da Marina, a ideologia do “estado mínimo”, que eles defendem, teria como consequência o enxugamento da máquina pública.

Entretanto, o projeto vencedor, em 2014, foi o liderado por Dilma. Este projeto é o que dá resposta à sociedade sobre mais educação, mais saúde, mais saneamento, mais infraestrutura, mais direitos humanos. O mesmo projeto vencedor das eleições de 2002, 2006 e 2010. Exige um estado muito maior que o mínimo de triste lembrança (FHC).

Não houve aumento de ministérios – ou de Secretarias com status de ministério – em relação aos governos exitosos de Lula e Dilma. O que nos permite dizer que houve eficiência e eficácia na condução dos programas e nas políticas de governo. Deste governo!

Leio gente escrevendo que é preciso dar mais “racionalidade” à gestão, constituindo superministérios, num total de 20, no máximo. O que pode ser mais racional do que uma estrutura vencedora, com uma infinidade de programas que mudaram a cara do país?

Leio também que o motivo dessa redução de ministérios, cargos e funções é para reduzir gastos, uma sinalização de que o governo está “cortando na própria carne”!

Já vimos que não se sustentam os motivos políticos e de “racionalização”. Vamos ver como fica o argumento de “redução de gastos”.

A imprensa e a oposição não cansam de repetir a falácia de que Lula e Dilma aparelharam a máquina pública federal, nomeando petistas para os 25 mil cargos comissionados disponíveis. Teve candidato a presidente que afirmou que cortaria mais da metade desses cargos, direcionando mais recursos para o interesse dos usuários.

A vantagem que leva a oposição é que a imprensa não está aí para checar essa informação. Assim, podem repetir qualquer coisa “ad nauseam”, sem precisar provar nada e sem ser confrontada.

1. Se a imprensa fosse verificar a informação, de cara descobriria que o ex-presidente Lula, em 2005, através do Decreto no. 5.497/2005, considerou exclusiva dos servidores de carreira a ocupação de 75% dos cargos em comissão DAS níveis 1, 2 e 3 e 50% dos cargos DAS nível 4.

2. Vale dizer que esses 4 primeiros níveis de cargos em comissão representam quase 95% do total dessas vagas. Isso mesmo, 95%! O que significa que a imensa maioria desses cargos é ocupada por servidores públicos de carreira. Quem conhece a Esplanada dos Ministérios sabe que são muito poucos os funcionários públicos de esquerda.

3. É importante destacar ainda que o número de cargos em comissão aumentou proporcionalmente menos que o total de servidores. Em 2002, haviam 19 mil cargos comissionados. Em 2014, haviam 23 mil. Entretanto, a relação cargos comissionados/total de servidores em 2002 era de 3,8% e em 2014 caiu para 3,7%. Caiu pouco mas, ao contrário do que diz a oposição, não aumentou.

A imprensa gosta de insinuar que esses cargos comissionados são remunerados com salários muito altos. Falso ou verdadeiro? Falso!

4. Diferentemente do salário da grande maioria do funcionalismo federal, fortemente valorizado durante os governos de Lula e Dilma, os salários médios dos cargos em comissão ocupados por pessoas sem vínculo com o governo caíram em termos reais, passando de um salário médio real (em valores de 2013) de R$ 6.155,00, em 2002, para R$ 4.296,00, em 2014. Esse é o salário médio das pessoas que dirigem políticas como o Bolsa Família, o Luz para Todos, a Saúde, políticas que envolvem a aplicação de bilhões de reais e que impactam positivamente a vida de todos os brasileiros.

A oposição finge não saber que os cargos comissionados requerem elevado nível de responsabilidade e conhecimento técnico, e por isso, a maioria dos que os ocupam é altamente capacitada, mesmo com esse salário médio.

Fala-se também do “inchaço” da máquina por Lula e Dilma, insinuando que haveria uma contratação desenfreada de servidores públicos. Cabe então a pergunta: e os gastos com pessoal, estão descontrolados?

5. No período 2002-2014, a população aumentou quase 20%, o PIB cresceu uns 40% e as despesas com funcionalismo reduziram, como percentual do PIB. Era 4,8% em 2002 e chegou, em 2014, a 4,3%. Apesar do total de servidores ativos ter passado de 486 mil para 607 mil, nesse mesmo período.
Bom lembrar, como já disse antes, que servidores públicos é que garantem o funcionamento das principais políticas públicas pelas quais a população demanda e que tiveram grande aumento nos últimos 12 anos.

6. Por exemplo, na educação o número de servidores aumentou de 165 mil, em 2002, para 260 mil, em 2014. A grande maioria deles como técnicos e professores, porque foram criadas mais de 400 novas escolas de educação profissional, científica e tecnológica, mais que triplicando o número de unidades existente em 2002. 

7. Além disso, foram criadas 18 novas universidades em 152 novos campi, mais que dobrando o número de matrículas e de municípios com instituições federais.

E onde essas informações podem ser checadas? Aqui.

Penso que fica razoavelmente demonstrado que a presidenta Dilma pode e deve fazer alguns ajustes em relação a Ministérios, Autarquias, Empresas, etc. Mas tendo como objetivo o aumento da eficácia das políticas públicas e não a conversa fiada de redução de gastos ou “maior racionalidade na gestão”.

Cortar ou fundir ministérios, para reduzir o número total, é tudo o que a oposição quer que Dilma faça: dar um tiro no pé!

(Foto: Ana Volpe/Senado)