sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Sabe aquele papo de que não havia corrupção na ditadura militar? É mentira (e das mais descaradas)

Durante a ditadura houve repressão brutal contra opositores e imperava a censura, o que tornou o Brasil um lugar perfeito para a prática de corrupção.

Um boato muito difundido nas redes sociais é que supostamente haveria menos corrupção no antigo regime ditatorial do que nos dias de hoje. Qual é a base para essa afirmação?

É difícil entender como alguém é tão ingênuo para acreditar nessa afirmação. A ditadura dos generais tinha entre seus meios repressivos a censura prévia à mídia e produção cultural, assim como o financiamento público das mídias favoráveis aos governantes. Os juízes e Ministério Público tinham pouca ou nenhuma independência em relação ao governo federal. Congressistas podiam criar CPIs, mas os poderes absolutos da presidência, inclusive para fechar o Congresso e cassar congressistas, tornariam inútil tal iniciativa. As possibilidades de investigação criminal e divulgação jornalística dos casos de corrupção do regime ditatorial eram praticamente nulas.

E mesmo assim alguns casos acabaram emergindo. Entre 1982 e 1984, o jornalista e economista José Carlos de Assis publicou três livros, “A chave do tesouro”, “Os mandarins da república” e “A dupla face da corrupção”, relatando vários casos de corrupção na administração pública durante os Anos de Chumbo. Aparelhos repressivos clandestinos foram financiados por empresários, que em troca receberam favores econômicos dos ditadores. Ex-agentes militares e policiais da repressão política se tornaram os chefes do jogo do bicho no Rio de Janeiro e Espírito Santo, com a proteção dos governantes. Os métodos da repressão política se tornaram métodos do crime organizado.

Ponte Rio-Niterói: uma das obras faraônicas da ditadura militar com obras superfaturadas.


É verdade que os generais golpistas prometeram livrar o país da corrupção política. Imaginavam eles que a causa da corrupção é o corrupto apenas. Tinham uma visão moralista e individualista deste fenômeno. Assim, criaram uma Comissão Geral de Investigação, um tribunal administrativo subordinado à presidência da “república” para investigar casos de corrupção. O AI-5 dotou a CGI do poder de confisco de bens. Tudo isso foi inútil, porque a corrupção supõe, ao menos, um corruptor a um corrompido, um agente privado e um agente público, enriquecendo através de favores mútuos, às custas dos recursos públicos.

Vários grupos empresariais privados (nacionais, estrangeiros e mistos) apoiaram ativamente o golpe contra João Goulart e a instauração do Terrorismo de Estado. Este apoio empresarial foi recompensado com todo tipo de favorecimento econômico governamental para os grupos empresariais que financiavam a repressão política. Desta promiscuidade entre a burocracia ditatorial e os grupos empresariais privados, surgiram os “Filhotes da Ditadura”, que se tornaram os empresários e políticos mais ricos do país e donos de monopólios midiáticos, entre eles a família Marinho e o Senor Abravanel, mais conhecido como Silvio Santos.

A corrupção na ditadura beneficiou inclusive aqueles que chegaram a ser santificados
por muitos brasileiros, como é o caso do Silvio Santos.

 Há quem diga que os generais que ocuparam a presidência da ditadura morreram pobres. Acho difícil, pois nenhum deles chegou pobre ao cargo, e pelo menos um deles, Ernesto Geisel, se tornou um magnata do setor petroquímico, ao lado do seu ministro, Golbery do Couto e Silva. O que importa é que, mesmo que não tenham enriquecido ilicitamente, comandaram um regime de terror e corrupção generalizados. Um regime ditatorial que enriqueceu, protegeu e favoreceu os seus aliados, enquanto perseguia, torturava e matava os opositores.




quinta-feira, 24 de novembro de 2016

É cada vez maior a possibilidade do Capitalismo dar um desfecho trágico para a humanidade

A globalização, na prática, nada mais é que um malthusianismo moderno. Como nos diz o relatório Lugano, a redução da população dos indesejáveis é o “verdadeiro sentido da expressão 'desenvolvimento sustentável”. 

Seres Humanos Supérfluos: a economia exige que as minorias sem capacidade de consumo morram.

O capitalismo nasceu e se desenvolveu para o desfrute dos povos do norte da Europa e seus descendentes (o que já falamos a respeito aqui). Se outros povos se beneficiaram no processo, como os japoneses, foi mais por contingências do século XX, como a ameaça do socialismo na Ásia.

O plano dos anglo-americanos ao final da Segunda Guerra Mundial era o de transformar o Japão num país rural mais pobre do que o Vietnã. Mas a revolução chinesa não permitiu que esse plano fosse levado a cabo. Na verdade, os EUA representam bem o fato do capitalismo ser um sistema voltado a anglo-saxões e germânicos.

No século XIX, durante a grande diáspora europeia, havia cotas bem restritas para não germânicos e saxões entrarem nos EUA. Asiáticos eram impedidos de entrar e europeus do Sul eram vistos com extrema desconfiança, entre outras coisas por serem católicos. Italianos, espanhóis e outros não germânicos da Europa foram inclusive enforcados no Sul do EUA, como acontecia com os negros. Até mesmo no Brasil e na Argentina havia preferência por europeus do Norte. Mas como esses não se dispunham a vir para cá, deram preferência aos italianos do Norte, principalmente de Vêneto, por serem mais claros do que os sulistas. Isso não impediu as manifestações anti-italianas em São Paulo (1892, 1896, 1928) ou o massacre de italianos em Tandil, na Argentina, em 1872. Basicamente, brancos eram os europeus nortistas.

A linha entre quem é branco e quem não pode ser considerado dessa forma vem sendo usada desde o Iluminismo para separar aqueles que podem ser incluídos na lista de seres humanos de direito – ou seja, aqueles que podem ser incluídos na categoria de “homem”, como a vista na “declaração de direitos do homem e do cidadão” de 1789 – daqueles que devem ser considerados sub-humanos ou simplesmente não-humanos. Dessa forma, o título de brancura sempre foi disputado em diversas partes do mundo. Nos EUA, italianos, eslavos e irlandeses lutaram muito para poderem ser considerados brancos. Em Angola, há uma divisão social baseada no tom da pele: mulatos claros são considerados mais humanos do que os negros escuros. Entre os negros dos EUA, os negros mais claros e com traços mais europeizados chamavam os negros mais escuros e com traços mais africanos de jigaboos. Ingleses miseráveis não eram considerados brancos no início da Revolução Industrial. Hoje em dia, o padrão de beleza na Ásia entre as mulheres é aquele que mais se aproxima do padrão de beleza europeu. Nas redes sociais, brasileiros que se identificam como brancos mostram irritação quando estrangeiros dão a entender que, para eles, o Brasil seria um país formado por mestiços e negros. Dessa forma, podemos ver que a ideia de brancura não se limita apenas à aparência fenotípica. Há também uma grande dose de relações sociais de poder inserida nessa categoria de “branco”. No século XIX:

discutiam quais povos pertenceriam a quais raças e se certos grupos de habitantes da Europa podiam ser classificados como europeus ou não. Assim, havia dúvidas, por exemplo, se os mediterrâneos e alguns povos do Leste europeu podiam ser considerados brancos e se a constituição racial mista da França (germânicos, alpinos e mediterrâneos) seria um impedimento a seu progresso.” (BERTONHA, João. Os Italianos, p. 53)

Basicamente, foram, durante muito tempo, considerados “verdadeiros brancos” aqueles que nasceram ou descendiam de europeus do Norte. E o que essa construção social da suposta superioridade anglo-saxã e germânica tem a ver com os supérfluos do mundo? Tem a ver com o fato dos povos do Norte da Europa e seus descendentes estarem velhos e não terem mais filhos. Hoje, a média de idade entre os brancos dos EUA, de maioria anglo-saxã e germânica, é de 43 anos e cada mulher tem apenas 1,5 filho. Na Europa, a média de idade é de 42 anos com uma taxa de fertilidade de 1,6 filho por mulher (incluídas as minorias nessa média). Sem a Europa do Leste, a média sobe para 44 anos. Levando-se em consideração que as mulheres geralmente têm de 2 a 4 anos a mais do que os homens em média, isso significa que a maioria das mulheres nessas regiões já não mais terão filhos.



Mesmo em países de brancos latinos, a população que se identifica como branca é geralmente mais velha e tem menos filhos. No Brasil, mulheres que se identificam como brancas têm apenas 0,9 filho cada uma, ou seja, já não há, virtualmente, mais reprodução. Dados mostram que, em 2050, de cada 4 pessoas no mundo, 1 será africana. Na verdade, a África é a única região do mundo com uma taxa de fertilidade de mais de 2,2 filhos por mulher: são 4,71 filhos por mulher africana. Basicamente, se não fosse a taxa de fertilidade africana, a população mundial estacionaria em 2040, e em 2050 começaria a cair.

Mas o que isso significa? Significa que até 2050, pessoas que se identificam como brancas serão a minoria absoluta da população mundial e a grande maioria nesse grupo de pessoas que se consideram brancas terá mais de 40 anos – e aqui deixo claro que essas pessoas se identificam como brancas, pois, como já falado, a ideia de brancura não se limita à aparência física, mas também tem relação com questões ligadas a classes sociais, privilégios, riqueza, origem étnica, etc.

De qualquer forma, esses dados mostram que a juventude do mundo já é majoritariamente negra, parda ou, em menor escala, asiática, já que nos países asiáticos a população já está envelhecendo e tendo poucos filhos – na China, a média de idade já está na casa dos 38 anos por conta da política de um filho por casal. Além disso, a taxa de fertilidade na Ásia do Leste é de 1,5 filho por mulher.
Quando Trump dizia “fazer a América grande novamente”, parte de seus eleitores escutava “fazer dos EUA novamente uma potência industrial sem concorrentes” enquanto outra parte ouvia “fazer dos EUA novamente um país anglo-germânico”. Basicamente Trump misturou a revolta contra a globalização e o neoliberalismo com os medos de uma população branca vivendo num país onde a juventude torna-se cada vez mais latina ou negra – a média de idade entre os latinos dos EUA é de 27 anos, entre imigrantes não latinos é de 23 anos e entre os negros de 33 anos. Daí vem a seguinte pergunta: se o sistema se desenvolveu tendo como base os europeus do Norte, e estes e seus descendentes estão caminhando para, literalmente, o desaparecimento, o que vai acontecer agora em relação ao cuidado com as pessoas não brancas e com o mundo?

Trump e o negacionismo da mudança climática: os não brancos como herdeiros de um mundo em chamas

Trump, durante sua campanha, repetiu diversas vezes que aquecimento global é um hoax criado por chineses. Eu não sei se ele realmente acredita nessa insanidade, ou se era apenas retórica de campanha para agradar o eleitor preocupado com seu emprego na indústria ou com seu automóvel 4×4. Descobriremos nos próximos quatro anos se Trump é realmente um psicótico ou apenas um cara muito esperto, o qual sabe falar o que seu eleitor quer escutar. De qualquer forma, parece que as políticas necessárias para barrar o aquecimento global não serão postas em prática nos próximos anos. Hoje, se não fosse a necessidade do lucro trazido pela indústria do petróleo, painéis solares seriam capazes de gerar 10 vezes mais energia do que o mundo precisa – claro que no começo do processo de instalação, o petróleo seria necessário para gerar a energia que possibilitaria a produção das primeiras remessas de painéis solares.
 
Óbvio que  o petróleo não é usado apenas para se produzir combustível, mas para muitas outras coisas. Contudo, sabe-se que ele pode ser substituído como matéria prima das indústrias nas quais é usado por outros materiais, como óleo de cannabis. Mas infelizmente a base instalada da indústria petrolífera, ou seja, todo o capital que já foi gasto com a mesma, é essencial ao funcionamento do capitalismo. Não é apenas força de vontade que pode mudar esse quadro. O próprio sistema depende da indústria do petróleo. A única maneira de deter a dependência pelo ouro negro é mudando todo o sistema social. Imaginar que possa ser sustentável um sistema que se baseia na produção de lucro financeiro é pura ilusão de leftlibs hipsters que frequentam o Starbucks.
 
De qualquer forma, as mudanças climáticas já estão aí. Em Outubro de 2016 o Ártico estava 3 graus mais quente do que deveria estar. São Paulo, que já foi a terra da garoa, agora é a terra das estiagens seguidas de fortes tempestades. E como o Dr. Igor Semiletov já alertou, se apenas 5% dos gases presos no Permafrost escaparem, a coisa vai ficar feia para nós. Levando em conta que 40% da população do planeta já enfrenta escassez de água, que as devastações ambientais aumentaram os riscos de doenças e que as abelhas, essenciais à agricultura e ao equilíbrio ecológico, enfrentam um processo de extinção que os cientistas ainda não sabem explicar, percebemos que as expectativas não são muito animadoras para as próximas gerações (e nem para a nossa, para falar a verdade).
 
 

Mas quem vai herdar o planeta? Negros, pardos e árabes. Essa é a verdade. Os brancos, que se beneficiaram da destruição ambiental para seu conforto durante mais de 200 anos, não vão passar o perrengue futuro. A menos que algo muito improvável aconteça, como os brancos da Austrália (média hoje de 38 anos contando as minorias), EUA, Europa e Canadá (média hoje de 43 anos cotando as minorias) começarem a procriar como coelhos nos próximos anos, a perspectiva é de que até 2020 a população branca do mundo pare virtualmente de crescer e comece o processo de rápido desaparecimento. Hoje, a taxa de natalidade na Europa já é menor do que a de falecimentos. Além disso, há mais idosos com mais de 65 anos no continente do que jovens com menos de 14 anos. O mesmo já acontece com os brancos dos EUA. E o quadro de envelhecimento é muito pior para as mulheres. Na Rússia, a média de idade entre as mulheres é 6 anos maior do que a dos homens. Isso quer dizer que, virtualmente, mulheres no ápice do período fértil nos países de maioria branca já estão se tornando a minoria da população. Além disso, os casamentos interétnicos estão se tornando cada vez mais comuns nessas regiões e as minorias geralmente têm taxas de fertilidade maiores. Isso significa que aqueles considerados brancos fizeram a festa no mundo e quem vai herdar os problemas serão negros, pardos, árabes, indianos, etc. Isso é claro, se nada for feito.

E, para que os jovens de hoje não herdem um mundo em chamas, a única solução é a mudança em todo o sistema socioeconômico da Terra. Mudar de um sistema que obedece à lógica do dinheiro fazer mais dinheiro para um no qual o que importe é a produção daquilo essencial à vida.

O Relatório Lugano: a ficção real

O relatório Lugano, publicado na França em 1999 e lançado em português no Fórum Social de Porto Alegre em 2002, constitui um eloquente alerta para os efeitos excludentes da globalização atual: na ‘mesa do banquete”, países e grupos sociais crescentes deverão ser rapidamente excluídos a fim de que o capitalismo do século XXI sobreviva às suas cruciais e inerentes contradições; a atual crise do capitalismo internacional encaminha-se claramente para o que o livro aponta como inexorável – o extermínio progressivo dos excluídos. Como enfatizado por Laymert Garcia dos Santos, em sua apresentação à edição em português, a autora aponta com acuidade e clarividência a lógica da globalização – ou seja, a lógica do extermínio.” (PATARRA, 2003)

Tal relatório levanta questões urgentes a respeito da maneira pela qual o sistema em que vivemos trata dos considerados indesejáveis: aqueles que simplesmente não conseguem mais se inserir na economia de mercado e, dessa forma, não são nem vendedores de sua força de trabalho e nem consumidores de mercadorias. Essas pessoas são tratadas como um problema para o sistema social, e, dessa forma, passam a cada vez mais entrar na categoria de “matáveis”.
 
No Brasil, as ações das forças policiais nas favelas, habitadas por uma maioria negra e parda, são uma pequena mostra desse fato: assassinatos contra moradores das favelas não são punidos e a classe média aplaude. No nosso sistema, quem não pode ser vendedor e comprador de mercadorias, é, por definição, um não humano. E como aprendemos, a categoria de não humano está ligada à categoria de não branco. Por acaso seria coincidência que as maiores atrocidades nos EUA são cometidas contra negros e pardos? Por acaso seria coincidência que o Ocidente aqueça seu mercado de armas distribuindo-as na África e Oriente Médio para que o povo dessas regiões se mate depois do próprio Ocidente ter fomentado os conflitos nessas regiões?
 
A violência dos que se consideram brancos num mundo onde os pardos e negros estão se tornando a maioria vai ficar cada vez pior, pois o ódio gerado pelo medo por ver um mundo cada vez mais multicultural, como o que domina o coração de muitos brancos nos EUA, se mistura a um menor peso na consciência na hora de “limpar o terreno” daqueles que já não têm nenhum papel dentro das relações de mercado – nem para baixar os salários e enfraquecer os direitos trabalhistas daqueles que ainda conseguem vender sua força de trabalho. A tristeza é que o verdadeiro empoderamento dentro do nosso sistema só pode ser exercido com efetividade por quem tem o poder social dentro da carteira: o dinheiro. Uma coisa é a Beyonce, com seus milhões de dólares, cantando “All the Single Ladies” com um turbante na cabeça. Outra é uma menina negra e pobre tentando fazer isso. Empoderamento no sistema do mercado é dinheiro, é capacidade de consumo. O resto é conversa de quem acredita em capitalismo com rosto humano. Não digo que as minorias não devam lutar por representatividade, mas deve-se ter em conta que poder no sistema do mercado é poder de compra. Capacidade de negociar, de vender e comprar. Nem que seja vender a força de trabalho. Se nem isso alguém consegue, então tem poder nenhum e passa a ser uma vida que não merece ser vivida de acordo com as regras do sistema.


Beyonce cantando Single Ladies em um dos seus shows: uma coisa é falar de
emponderamento tendo milhões de dólares na conta bancária, outra bem
diferente é uma garota da periferia tentar fazer o mesmo.
Esse extermínio, claro, não se dá apenas ativamente. Ele também pode ser do tipo, “não mato, mas deixo morrer”. Por exemplo, o baixo nível de investimento em infraestrutura de saneamento básico e saúde em países periféricos ou nas áreas habitadas por negros e pardos nos países centrais. No Brasil, o Estado gasta 1/10 do que deveria em saneamento e as maiores vítimas são exatamente os moradores de regiões mais pobres. Não há preocupação das indústrias farmacêuticas em pesquisar curas para doenças de regiões pobres e o sexo sem proteção é estimulado na África para que o HIV possa se espalhar mais facilmente – o que tem o “efeito colateral” de aumentar a taxa de fertilidade, mas as crianças nascidas provavelmente estarão contaminadas por falta de atendimento necessário durante a gravidez. Há também as tais vacinas esterilizantes que seriam aplicadas em pessoas pobres, cuja existência ou não ainda é assunto de muita polêmica. De qualquer forma, pode-se estimular conflitos para que os “indesejáveis” sejam assassinados ou pode-se deixar que simplesmente morram por falta de cuidados. Essa é a premissa dessa ficção real escrita por Suzan George.
 

E, se observarmos bem, o neoliberalismo nada mais seria do que um malthusianismo moderno, no qual domina a ideia do “cada um por si, todos são inimigos de todos”. Nesse mundo, até mesmo alguns que antes eram considerados brancos estão perdendo esse status. Os pobres da Europa já são chamados de vagabundos naturais, sem qualquer tipo de salvação, burros por natureza, pesos mortos do continente, etc. Essa retirada do status de branco é direcionada principalmente aos europeus do Sul, como italianos e espanhóis sulistas, gregos, portugueses, romenos, franceses de regiões mais pobres etc, porém, até mesmo os quase transparentes irlandeses estão tendo seu status de branco revogado, sendo novamente considerados a “privada da Inglaterra” conforme sua dívida se torna mais impagável. Dessa forma, podemos dizer que o malthusianismo está vivo e ganhando força. Como nos diz o relatório Lugano, a redução da população dos indesejáveis é o “verdadeiro sentido da expressão ‘desenvolvimento sustentável”.

Referências
• Multiciência – O Relatório Lugano (PDF)
• New Republic – Five Charts That Show Why a Post-White America Is Already Here
• The Economist – The young continent
• Revista Continentes – O Antropoceno como fetichismo (PDF)