sábado, 23 de abril de 2016

A razão real que os inimigos de Dilma Rousseff querem seu impeachment

David Miranda

Corrupção é só um pretexto para os ricos e poderosos que falharam em derrotá-la nas eleições 

• Para ler este artigo em Inglês, clique aqui

Friday 22 April 2016


Dilma Rousseff
Dilma Rousseff: the target of the rich and powerful.
Photograph: Fernando Bizerra/EPA
A história da crise política no Brasil, e a mudança rápida da perspectiva global em torno dela, começa pela sua mídia nacional. A imprensa e as emissoras de TV dominantes no país estão nas mãos de um pequeno grupo de famílias, entre as mais ricas do Brasil, e são claramente conservadoras. Por décadas, esses meios de comunicação têm sido usados em favor dos ricos brasileiros, assegurando que a grande desigualdade social (e a irregularidade política que a causa) permanecesse a mesma.
Aliás, a maioria dos grandes grupos de mídia atuais – que aparentam ser respeitáveis para quem é de fora – apoiaram o golpe militar de 1964 que trouxe duas décadas de uma ditadura de direita e enriqueceu ainda mais as oligarquias do país. Esse evento histórico chave ainda joga uma sombra sobre a identidade e política do país. Essas corporações – lideradas pelos múltiplos braços midiáticos das Organizações Globo – anunciaram o golpe como um ataque nobre à corrupção de um governo progressista democraticamente eleito. Soa familiar?

Por um ano, esses mesmos grupos midiáticos têm vendido uma narrativa atraente: uma população insatisfeita, impulsionada pela fúria contra um governo corrupto, se organiza e demanda a derrubada da primeira presidente mulher do Brasil, Dilma Rousseff, e do Partido dos Trabalhadores (PT). O mundo viu inúmeras imagens de grandes multidões protestando nas ruas, uma visão sempre inspiradora.
Brazilian president Dilma Rousseff faces impeachment - video explainer


Mas o que muitos fora do Brasil não viram foi que a mídia plutocrática do país gastou meses incitando esses protestos (enquanto pretendia apenas “cobri-los”). Os manifestantes não representavam nem de longe a população do Brasil. Ao contrário, eles eram desproporcionalmente brancos e ricos: as mesmas pessoas que se opuseram ao PT e seus programas de combate à pobreza por duas décadas.

Aos poucos, o resto do mundo começou a ver além da caricatura simples e bidimensional criada pela imprensa local, e a reconhecer quem obterá o poder uma vez que Rousseff seja derrubada. Agora tornou-se claro que a corrupção não é a razão de todo o esforço para retirar do cargo a presidente reeleita do Brasil; na verdade, a corrupção é apenas o pretexto.

O partido de Dilma, de centro-esquerda, conseguiu a presidência pela primeira vez em 2002, quando seu antecessor, Lula da Silva, obteve uma vitória espetacular. Graças a sua popularidade e carisma, e reforçada pela grande expansão econômica do Brasil durante seu mandato na presidência, o PT ganhou quatro eleições presidenciais seguidas – incluindo a vitória de Dilma em 2010 e, apenas 18 meses atrás, sua reeleição com 54 milhões de votos.

A elite do país e seus grupos midiáticos fracassaram, várias vezes, em seus esforços para derrotar o partido nas urnas. Mas plutocratas não são conhecidos por aceitarem a derrota de forma gentil, ou por jogarem de acordo com as regras. O que foram incapazes de conseguir democraticamente, eles agora estão tentando alcançar de maneira antidemocrática: agrupando uma mistura bizarra de políticos – evangélicos extremistas, apoiadores da extrema direita que defendem a volta do regime militar, figuras dos bastidores sem ideologia alguma – para simplesmente derrubarem ela do cargo.

Inclusive, aqueles liderando a campanha pelo impeachment dela e os que estão na linha sucessória do poder – principalmente o inelegível Presidente da Câmara Eduardo Cunha – estão bem mais envolvidos em escândalos de corrupção do que ela. Cunha foi pego ano passado com milhões de dólares de subornos em contas secretas na Suíça, logo depois de ter mentido ao negar no Congresso que tivesse contas no exterior. Cunha também aparece no Panamá Papers, com provas de que agiu para esconder seus milhões ilícitos em paraísos fiscais para não ser detectado e evitar responsabilidades fiscais.

É impossível marchar de forma convincente atrás de um banner de “contra a corrupção” e “democracia” quando simultaneamente se trabalha para instalar no poder algumas das figuras políticas mais corruptas e antipáticas do país. Palavras não podem descrever o surrealismo de assistir a votação no Congresso do pedido de impeachment para o senado, enquanto um membro evidentemente corrupto após o outro se endereçava a Cunha, proclamando com uma expressão séria que votavam pela remoção de Dilma por causa da raiva que sentiam da corrupção.

Como o The Guardian reportou: “Sim, votou Paulo Maluf, que está na lista vermelha da Interpol por conspiração. Sim, votou Nilton Capixaba, que é acusado de lavagem de dinheiro. ‘Pelo amor de Deus, sim!’ declarou Silas Câmara, que está sob investigação por forjar documentos e por desvio de dinheiro público.”

Mas esses políticos abusaram da situação. Nem os mais poderosos do Brasil podem convencer o mundo de que o impeachment de Dilma é sobre combater a corrupção – seu esquema iria dar mais poder a políticos cujos escândalos próprios destruiriam qualquer carreira em uma democracia saudável.Um artigo do New York Times da semana passada reportou que “60% dos 594 membros do Congresso brasileiro” – aqueles votando para a cassação de Dilma- “enfrentam sérias acusações como suborno, fraude eleitoral, desmatamento ilegal, sequestro e homicídio”. Por contraste, disse o artigo, Rousseff “é uma espécie rara entre as principais figuras políticas do Brasil: Ela não foi acusada de roubar para si mesma”.

O chocante espetáculo da Câmara dos Deputados televisionado domingo passado recebeu atenção mundial devido a algumas repulsivas (e reveladoras) afirmações dos defensores do impeachment. Um deles, o proeminente congressista de direita Jair Bolsonaro – que muitos esperam que concorra à presidência e em pesquisas recentes é o candidato líder entre os brasileiros mais ricos – disse que estava votando em homenagem a um coronel que violou os direitos humanos durante a ditadura militar e que foi um dos torturadores responsáveis por Dilma. Seu filho, Eduardo, orgulhosamente dedicou o voto aos “militares de 64” – aqueles que lideraram o golpe.
Até agora, os brasileiros têm direcionando sua atenção exclusivamente para Rousseff, que está profundamente impopular devido a grave recessão atual do país. Ninguém sabe como os brasileiros, especialmente as classes mais pobres e trabalhadoras, irão reagir quando verem seu novo chefe de estado recém-instalado: um vice-presidente pró-negócios, sem identidade e manchado de corrupção que, segundo as pesquisas mostram, a maioria dos brasileiros também querem que seja cassado.
O mais instável de tudo, é que muitos – incluindo os promotores e investigadores que tem promovido a varredura da corrupção – temem que o real plano por trás do impeachment de Rousseff é botar um fim nas investigações em andamento, assim protegendo a corrupção, invés de puni-la. Há um risco real de que uma vez que ela seja cassada, a mídia brasileira não irá mais se focar na corrupção, o interesse público irá se desmanchar, e as novas facções de Brasília no poder estarão hábeis para explorar o apoio da maioria do Congresso para paralisar as investigações e se protegerem.

Por fim, as elites políticas e a mídia do Brasil têm brincado com os mecanismos da democracia. Isso é um jogo imprevisível e perigoso para se jogar em qualquer lugar, porém mais ainda em uma democracia tão jovem com uma história recente de instabilidade política e tirania, e onde milhões estão furiosos com a crise econômica que enfrentam.


Fonte



quinta-feira, 21 de abril de 2016

Deu no New York Times

Jornalista e Professor Dr. Lúcio Vilar (UFPB)

Fundado em 1851, o The New York Times é considerado ainda hoje o mais influente jornal dos Estados Unidos com ressonâncias planetárias, dada sua tradição de credibilidade que lhe conferiu lugar especial na história do jornalismo contemporâneo. Ao veículo críticas podem ser imputadas, menos de que tenha tido em algum momento de sua trajetória posicionamentos editoriais à esquerda. Quem derrubou Nixon, por exemplo, não foi o NYT, mas o Washington Post.

Pois é, dito isso, vamos ao que interessa: além dos igualmente relevantes jornais e veículos The Guardian (Inglaterra), El País (Espanha), CNN (EUA) e Der Spiegel (Alemanha), o NYT condenou, em editorial, o ‘golpe de abril’ transmitido em rede nacional no último domingo.

“Dilma, que foi reeleita em 2014 por quatro anos, está sendo responsabilizada pela crise econômica do país e pelas revelações das investigações de corrupção que envolve a classe política brasileira”, disse o jornal que já havia reiterado em matéria anterior a conduta de honestidade da presidenta da República.

Já o britânico The Guardian estampou: “Congresso hostil e manchado por corrupção”, enquanto o espanhol El País reforçou: “Deus derruba a presidente do Brasil”, citando os deputados que justificaram o voto pelo impeachment com argumentos de cunho religioso.

O espetáculo dantesco de pornografia política explícita - em nome de Deus e de torturadores - envergonhou o Brasil perante o mundo. Agora, somos a nova “república bananeira”.

Quem vai pagar por isso?!…



terça-feira, 19 de abril de 2016

IMPRENSA CENSURADA NA PARAÍBA: Jornalista tem coluna retirada da página já diagramada do jornal CORREIO

Publicado por: Gutemberg Cardoso -

lucio-vilarO jornalista e professor dr. Lúcio Vilar (UFPB), que assina há cerca de 15 anos no Correio da Paraíba coluna semanal intitulada “Caleidoscópio Midiático”, foi surpreendido na tarde de ontem com email do Chefe de Redação do referido jornal, comunicando que sua coluna havia sido retirada da página (já diagramada), num claro sinal de censura exercido pelo veículo. Sob a alegação de que a empresa havia decidido que conteúdos políticos não poderiam ser abordados nas páginas culturais, o Chefe de Redação justificou que a coluna (intitulada Deu no New York Times) estava, portanto, fora de contexto, e por essa razão foi excluído da edição desta quarta-feira.

Em resposta, o jornalista Lúcio Vilar reiterou:

“Portador não merece pancada, bem sei disso, mas não sejamos ingênuos; esse comunicado tem outro nome: censura. Até porque não recebi nenhum comunicado anterior da Editoria Geral de que não poderia falar de política. Aliás, conceber jornalismo cultural dissociado da política é um equívoco completo, sem falar do fato de que uma coluna é sempre a expressão última da opinião do colunista. No mais, para desmistificar, basta filtrar o colunismo social e rastrear os resíduos da política provinciana entranhados em palavras, gestos, caras, bocas e fotos…

Enfim, mas ‘isso não vem o caso’ como diria o juiz Sérgio Moro, né verdade? Só tenho a lamentar pela postura e, sobretudo, agradecer à empresa por esse espaço compartilhado durante todos esses anos em que não me pautei por um único tema, até porque os leitores não suportariam. Vida que segue.

Saudações democráticas a todos”.

Segue, abaixo, coluna (censurada no CORREIO), na íntegra, que o Polêmica Paraíba publica em primeira mão:
 
Deu no New York Times
 
Fundado em 1851, o The New York Times é considerado ainda hoje o mais influente jornal dos Estados Unidos com ressonâncias planetárias, dada sua tradição de credibilidade que lhe conferiu lugar especial na história do jornalismo contemporâneo. Ao veículo críticas podem ser imputadas, menos de que tenha tido em algum momento de sua trajetória posicionamentos editoriais à esquerda. Quem derrubou Nixon, por exemplo, não foi o NYT, mas o Washington Post.

Pois é, dito isso, vamos ao que interessa: além dos igualmente relevantes jornais e veículos The Guardian (Inglaterra), El País (Espanha), CNN (EUA) e Der Spiegel (Alemanha), o NYT condenou, em editorial, o ‘golpe de abril’ transmitido em rede nacional no último domingo.

“Dilma, que foi reeleita em 2014 por quatro anos, está sendo responsabilizada pela crise econômica do país e pelas revelações das investigações de corrupção que envolve a classe política brasileira”, disse o jornal que já havia reiterado em matéria anterior a conduta de honestidade da presidenta da República.

Já o britânico The Guardian estampou: “Congresso hostil e manchado por corrupção”, enquanto o espanhol El País reforçou: “Deus derruba a presidente do Brasil”, citando os deputados que justificaram o voto pelo impeachment com argumentos de cunho religioso.

O espetáculo dantesco de pornografia política explícita – em nome de Deus e de torturadores – envergonhou o Brasil perante o mundo. Agora, somos a nova “república bananeira”.

Quem vai pagar por isso?!…

Fonte: Polêmica

Créditos: Polêmica







segunda-feira, 4 de abril de 2016

'Panama Papers' atingem políticos de ao menos sete partidos brasileiros

PDT, PMDB, PP, PSB, PSD, PSDB e PTB são as legendas cujos integrantes aparecem na lista

Gil Alessi

São Paulo 4 ABR 2016 - 23:37 CEST

O deputado federal Newton Cardoso (PMDB-MG). Ag. Cam.

Políticos de ao menos sete partidos brasileiros têm contas em empresas offshores no exterior abertas pela companhia panamenha Mossack Fonseca, especializada em camuflar ativos usando companhias sediadas em paraísos fiscais. PDT, PMDB, PP, PSB, PSD, PSDB e PTB são as legendas cujos integrantes aparecem na lista batizada de Panama Papers, onde constam milhares de nomes de titulares de offshores. Os documentos foram obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo. No domingo, UOL, Estadão e Rede TV, veículos brasileiros ligados ao Consórcio, começaram a divulgar os nomes dos correntistas, com destaque para expoentes do PMDB: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e o senador Edison Lobão (MA) – ambos investigados pela Operação Lava Jato. Ao menos 57 brasileiros já relacionados à investigação da Polícia Federal aparecem nos documentos, ligados a mais de cem offshores criadas em paraísos fiscais. Cunha e Lobão negam a titularidade das empresas.

 
Ainda é cedo para saber o impacto que estes vazamentos - e os que virão nos próximos dias - terão no já convulsionado cenário político brasileiro, uma vez que não está claro se as offshores localizadas são irregulares ou não. Isso porque ter conta ou empresa no exterior não é um crime de acordo com a legislação brasileira, mas os valores e operações financeiras precisam ser informados à Receita Federal para a tributação devida. Ainda não se sabe se os citados nos Panama Papers declararam estes ativos em outros países às autoridades. Frequentemente este tipo de operação envolvendo offshores é utilizada para pagamento ou recebimento de propina e lavagem de dinheiro por parte do crime organizado, empresários e políticos corruptos.
 

Até o momento, o PMDB do vice-presidente Michel Temer foi a legenda com mais integrantes mencionados nos documentos da empresa panamenha. O fato é que, ao menos por enquanto, o PT e o Planalto podem respirar aliviados, uma vez que nenhuma offshore no exterior foi atribuída até o momento a seus correligionários.

Nesta segunda-feira vieram à tona os nomes de outros políticos com contas no exterior. Novamente o PMDB ocupa lugar de destaque entre os dados divulgados. O deputado federal Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) e seu pai, o ex-governador de Minas Gerais Newton Cardoso teriam usado empresas offshores abertas com a ajuda da Mossack Fonseca para comprar um helicóptero com valor estimado em 1,9 milhão de dólares (cerca de 8 milhões de reais) e um flat em Londres ao custo de 1,2 milhão de libras (6,3 milhões em valores corrigidos). Em nota ao Consórcio de Jornalistas, a assessoria dos Cardoso negou "veementemente" a titularidade de empresas ou contas no exterior.

Luciano Lobão, filho do senador Edison Lobão, também aparece na relação do Panama Papers. Ele teria usado uma offshore para comprar apartamento em Miami no ano de 2013. O imóvel foi adquirido por 600 mil dólares, e vendido um ano depois por 1 milhão de dólares. A mulher de Luciano, Vanessa Fassheber Lobão, também aparece nos documentos como dona da empresa. Além de ser dono da VLF International, o filho do senador é sócio de uma empreiteira é responsável por obras do Programa de Aceleração do Crescimento no Maranhão - a Hytec.


O tucano Sérgio Guerra, morto em 2014, aparece nos documentos. Ele é citado também na Lava Jato
O senador Lobão, que já é investigado pela Lava Jato por suspeita de ter sido beneficiado com o pagamento de propina para a construção da usina de Angra 3, aparece nos documentos vazados da empresa panamenha, mas suas supostas operações no exterior ainda não foram detalhadas. O que se sabe até agora corrobora parte da delação premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras que disse à Justiça ter recebido ordens de Lobão para não "atrapalhar" um investimento do fundo de pensão da estatal petroleira no banco BVA. Um amigo do senador, José Augusto Ferreira dos Santos, é um dos donos do BVA, de acordo com o delator. Segundo os Panama Papers, Ferreira, por sua vez, é sócio de João Henriques, considerado operador do PMDB na Lava Jato, em uma empresa offshore e em uma conta na Suíça. A defesa do parlamentar afirmou ao jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, que Lobão nunca foi acusado de ter contas ou empresas no exterior.
 

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que é réu no Supremo Tribunal Federal por seu envolvimento na Lava Jato e é acusado pela Procuradoria Geral da República de ter contas secretas no exterior, aparece nos Panama Papers como titular de ao menos uma offshore. Trata-se da Penbur Holdings, supostamente controlada pelo parlamentar mas que usaria dois panamenhos como 'testas de ferro' de forma a ocultar seu nome dos documentos. O peemedebista teria contado com a ajuda do empresário David Muino, ligado ao BSI, para abrir as contas. Por meio de sua assessoria, Cunha negou ser proprietário de qualquer empresa offshore, negativa que tem sido repetida pelo deputado desde que as autoridade da Suíça enviaram documentos assinados por ele que provam o contrário. “O presidente Eduardo Cunha desmente, com veemência, estas informações. O presidente não conhece esta pessoa [David Muino, intermediário de uma companhia que se chama Stingdale Holdings Inc] e desafia qualquer um a provar que tem relação com companhia offshore”.

O tucano Sérgio Guerra, ex-senador e ex-presidente nacional do PSDB morto em 2014 também aparece na lista da Mossack Fonseca. Ele já foi citado por delatores da Lava Jato como destinatário de propinas relacionadas ao esquema de corrupção da Petrobras. Segundo os documentos divulgados nesta segunda, Guerra adquiriu uma empresa offshore com a mulher, Maria da Conceição, e um dos filhos, Francisco. As atividades financeiras da companhia não foram detalhadas. O PSDB afirmou que não iria comentar as acusações.

O ex-deputado João Lyra (PSD-AL) é outro político que utilizou uma empresa offshore para abrir e manter uma conta no banco suíço Pictet Asset Management. Lyra foi eleito deputado federal em 2010 pelo PTB, e posteriormente se filiou ao PSD. A declaração de bens entregue pelo parlamentar à Justiça Eleitoral no ano em que ele disputou o pleito não fala sobre os ativos no exterior, mas apenas o cruzamento destes dados com as informações da Receita podem apontar se houve de fato alguma irregularidade.

Paulo Octávio, ex-vice-governador de Brasília pelo PP, também é citado nos documentos. Ele teria usado uma offshore aberta com ajuda da Mossack Fonseca para comprar um apartamento de 2,9 milhões de dólares em Miami em 2011. A reportagem não conseguiu entrar em contato com o empresário.

Alguns políticos que aparecem no banco de dados dos Panama Papers divulgaram para o Consórcio os documentos informações de suas declarações de imposto de renda como forma de atestar que as offshores em seus nomes foram devidamente declaradas. É o caso de Paulo Octávio, que foi vice-governador de Brasília pelo DEM na gestão de José Roberto Arruda, em 2006; e Gabriel Junqueira Pamplona Skaf, filho do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf (PMDB).