sábado, 6 de maio de 2017

Professor da UFPB explica como a Rede Globo Manipula e influência desinformados

 
 
Segundo Paiva, a emissora arquiteta uma “construção falseada” da realidade do país 
 
 

O professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba, Cláudio Paiva expôs, em cinco tópicos, a estratégia da Rede Globo em seus telejornais e novelas.

Segundo Paiva, a emissora arquiteta uma “construção falseada” da realidade do país “de acordo com os seus interesses mercadológicos e políticos”.

Leia:

Cinco teses sobre o paradoxo da Rede Globo. Telejornal fascista & minissérie "progressista":

1) O telejornal produz um "efeito de verdade" que convence o telespectador pouco informado, e a série (telenovela) aparece ao público como uma ficção descolada do real;

2) Nada escapa às garras da (no)velha indústria cultural, que transforma a memória dos "anos de chumbo" em mercadoria fascinante embalada em technicolor; essa mesma indústria usa uma "retórica da imagem" (Barthes) e agressivas técnicas de persuasão (e despolitização) no JN;

3) A descontextualização histórica e a espetacularização (Debord) das séries com temas complexos embaça a consciência social e política do televidentes. Logo, a narrativa da ditadura e repressão política se configura como algo ocorrido lá longe, num passado remoto, sem vínculos com os poderes dominantes contemporâneos. Enquanto isso, o telejornal - através de falas-textos-imagens - simula uma reportagem fidedigna aos acontecimentos narrados (news making, pós-verdade, etc);

4) No passado recente, o Jornal Nacional se desculpou pelas derrapagens na "narração dos fatos" (Muniz Sodré) referentes à vida social e política da nação. E, hoje, arquiteta um construção falseada da realidade brasileira, de acordo com os seus interesses mercadológicos e políticos;

5) Considerando a especificidade do atual momento histórico, a exibição na Globo da série "Os dias eram assim" funciona como uma espécie de álibi; a emissora mostra-se ética e responsável na denúncia dos crimes contra a humanidade, para uma platéia alienada, e além disso sabe que (se sobreviver) será cobrada pela sua manipulação dos fatos, no que concerne a esfera sócio-política e institucional recente. E, no âmbito do excessivo volume de informação (entrecortada por slogans publicitários), uma narrativa crítica (que mostra - por exemplo - a truculência policial) tende a se diluir, se desmanchar, neutralizando o potencial reflexivo dos telespectadores. Enfim, no estranho beco em que a cultura e a política se meteram, em que tudo nos aparece como simulação e simulacros (Baudrillard), talvez nos reste a alternativa de buscar informações na internet e redes sociais, um espaço dialógico e polifônico (Bakhtin), em que se agitam vozes dissonantes e quiça esclarecedoras, num tempo nublado.

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