segunda-feira, 16 de junho de 2014

Investimento anual do Brasil em pesquisa científica é superior a duas Copas

16/06/2016

Ahmed F/Creative Commons
 


Enquanto os gastos do Brasil com a Copa do Mundo estão em R$ 25,6 bilhões, o investimento anual do país em pesquisa científica chega a R$ 59,4 bilhões (US$ 27 bilhões), somando as iniciativas pública e privada. A comparação foi feita pela revista Nature, que traz um panorama sobre a ciência sul-americana. De acordo com a publicação, o Brasil é o líder em publicações científicas na América do Sul, mas ainda perde para outros países no impacto dessas pesquisas e na quantidade de cientistas em relação à população total.

Com 40.306 publicações em 2013, o Brasil está bem à frente do segundo colocado, a Argentina, com 9.337 artigos. "Nos últimos 20 anos, a produção científica do Brasil aumentou em mais de cinco vezes, enquanto a economia quase triplicou em termos de poder de compra. O país detém mais de dois terços das publicações da América do Sul, mas é semelhante a Argentina, Uruguai e Chile em artigos per capita", relata Richard Van Noorden, em seu artigo para a revista. Ele observa, porém, que a quantidade de pesquisa produzida no continente pode estar subestimada pelo fato de que muitos dos periódicos em que os cientistas desses países publicam seus artigos são excluídos das bases de dados que produzem as estimativas. Apesar de o Brasil deter o maior número de publicações, o Chile tem mais patentes e a Argentina vence na proporção entre habitantes que trabalham na ciência.

Um problema enfrentando pela pesquisa sul-americana é que ela não recebe muitas citações (quando outros artigos fazem referência a um determinado estudo), que são uma forma de medir o impacto da pesquisa. A média da América do Sul, assim como a do Brasil, está abaixo da mundial.

Em termos de investimento, o Brasil é o único país do continente que destina mais de 1% de seu PIB em pesquisa e desenvolvimento. Em 2010 a cifra foi de 1,16%, enquanto o líder mundial, Israel, investiu 4,35% de seu PIB, de acordo com dados do Banco Mundial.

COLABORAÇÃO INTERNACIONAL Questionados pela Nature sobre qual tipo de ajuda internacional traria mais benefícios à ciência, pesquisadores sul-americanos apontaram dois fatores: a acolhida de estudantes da América do Sul em laboratórios de outros continentes e visitas de cientistas estrangeiros a laboratórios sul-americanos.

Apesar do fluxo de estudantes da América do Sul para os Estados Unidos e a Europa ter aumentado nos últimos anos, o Brasil ainda deixa a desejar: em 2013, menos de 11 mil graduandos e pós-graduandos foram para os Estados Unidos, número menor do que o do Vietnã e da Turquia. A soma de todos os estudantes da América Latina e do Caribe que foram ao país corresponde a menos de um terço dos pesquisadores enviados pela China.

Em uma seleção de exemplos de excelência na pesquisa, a revista escolheu no Brasil a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que em 2013 investiu 512 milhões no financiamento de pesquisas. Criada em 1960, a agência tem um orçamento anual correspondente a 1% do total da receita tributária do Estado. A revista destaca o investimento feito em pesquisa básica, de 37% do total. Cerca de 10% vai para infraestrutura e o restante para a pesquisa aplicada. Quase um terço do total é aplicado em pesquisa médica.



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