Quem divulga imagens que
simulam a revista quer brincar, elogiar, criticar – ou, eventualmente,
confundir. No último caso, a escolha é infeliz. Para dirimir dúvidas, o
leitor deve recorrer a endereços oficiais de VEJA na rede
Capas falsas: episódios são reconhecimento tácito da presença da revista na vida brasileira (Arte/VEJA) |
VEJA já entrevistou Darth Vader, o senhor das trevas da saga Guerra nas Estrelas?
É desnecessário dizer que não. Mas circula pela internet a imagem de
uma capa da revista com a tal entrevista: "O rei do pedaço – Conheça a
fascinante trajetória de Darth Vader e saiba porque (sic) ele é
o mais preparado para suceder o imperador." São divertidas a falsa
edição e seu tropeço gramatical. Outras "capas" que correm a rede foram
criadas a partir de edições autênticas de VEJA. São paródias (ácidas,
por vezes) que atraem atenção a ponto de se tornarem memes, replicados
centenas de vezes. Em outubro de 2012, a revista publicou uma reportagem
acerca de descobertas médicas sobre os malefícios da maconha,
estampando na capa uma folha de cannabis. Os clones
substituíram a erva por cheeseburguer, chocolate e até pela mistura de
leite com manga, transferindo para esses alimentos os alertas acerca da
maconha. O pastiche invade uma zona nebulosa, contudo, quando a "capa"
tenta vender como informação jornalística uma invenção emoldurada pelo layout de VEJA.
Na última semana, circulou pela rede uma "capa" que estampa uma foto em
que o ex-presidente Lula leva um lenço ao rosto, como se tivesse sido
golpeado. O texto da chamada principal: "Interpol descobre – Desvio de
mais de US (sic) 500 bilhões em paraíso fiscal em nome de 18
integrantes do PT." O leitor que não percebesse o erro na representação
da moeda americana ("US" em lugar de "US$") poderia ser enganado pela
imagem que em quase tudo se parece com uma capa autêntica: o logotipo da
Editora Abril, que publica a revista, o destaque para outros assuntos
no topo da página, a chamada principal revelando mais uma falcatrua
envolvendo políticos. Muita gente, nas ruas e nas redes, se indagou:
seria verídica a informação? Não, não se trata de uma reportagem de
VEJA.
Não é a primeira vez que o Photoshop é mal-usado. Uma edição de VEJA
que circulou em setembro de 2012 destacou na capa reportagem que
revelava que o publicitário Marcos Valério, o operador condenado do
mensalão, confidenciou a interlocutores detalhes do esquema de desvio de
verbas públicas para compra de parlamentares. A imagem: uma foto
avermelhada de Valério. Dias depois, circulou – na internet, mas também
numa versão impressa entregue clandestinamente a jornalistas e
blogueiros de São Paulo – uma "capa" semelhante, tendo Lula como
personagem. O texto dizia: "Ih, Lula – O Ki-suco ferveu." A chamada
absurda entregava o jogo. Ainda assim, é possível que muita gente tenha
se assustado.
Muitas capas de VEJA se tornaram registros históricos. É o caso, entre
várias outras, da edição que tratou da promulgação do AI-5, em dezembro
de 1968, ilustrada pela foto do general Costa e Silva em um Congresso
literalmente esvaziado. É também o caso da revista que resumiu o
afastamento de Fernando Collor de Mello da Presidência, em outubro de
1992, com uma palavra: “CAIU!” (assim, em letras maiúsculas seguidas de
exclamação). Os episódios de imagens que simulam capas são, portanto, um
reconhecimento tácito da presença da revista na vida brasileira. Quem
replica a capa de VEJA tem um ou vários objetivos: brincar, opinar,
elogiar, criticar – além de, eventualmente, confundir. No último caso, é
uma escolha infeliz.
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