Não foram encontras provas sobre suposto repasse de US$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT
Jornal do Brasil
A Procuradoria da República no Distrito Federal pediu o
arquivamento de um inquérito instaurado para investigar um suposto repasse de
US$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT. O ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci eram suspeitos de terem
participado diretamente da negociação do repasse. Essa era a última
investigação em curso sobre eventual envolvimento de Lula em crimes correlatos
ao "Mensalão".
A apuração foi aberta em 2013, a partir de um depoimento do
publicitário Marcos Valério, preso desde novembro daquele ano por ter sido o
operador do esquema. Valério afirmou que a transferência em questão foi
acertada em uma reunião no Palácio do Planalto, na presença de Lula e Palocci.
Valério apontou as contas no exterior que teriam sido indicadas ao empresário
Miguel Horta, diretor da Portugal Telecom, para realizar as transações com o
PT.
No depoimento, Valério disse que Lula tinha conhecimento do
mensalão e que o suposto empréstimo da Brasil Telecom serviria para quitar
dívidas de campanhas do PT de 2002 e 2004. De acordo com o publicitário, à
época, a companhia portuguesa pretendia adquirir o controle da brasileira
Telemig Celular.
A polícia não conseguiu rastrear, porém, os supostos
desembolsos da Portugal Telecom, "seja porque algumas das contas não foram
localizadas, seja porque não foram identificadas movimentações financeiras
capazes de indicar pagamentos aos ora investigados", afirma a Procuradoria
no despacho de arquivamento, que data do último dia 3.
De quatro contas investigadas, uma não existia e duas não
puderam ser rastreadas, porque a China e a Bélgica não firmaram acordo de
cooperação com o Brasil. Apenas uma conta pôde ser localizada e rastreada pela
PF: levou a uma empresa corretora de grãos, com sede em São Paulo e filial na
Suíça. Não foram encontrados, no entanto, vínculos entre o dinheiro que por ali
passou e a empresa portuguesa e o PT.
A investigação ouviu cerca de 20 pessoas em mais de dois
anos, entre elas Lula, que depôs em Brasília em dezembro de 2014, e Horta,
ouvido no início deste ano. Ambos negaram os repasses. Também prestaram
depoimento Palocci, Dirceu e o ex-deputado Roberto Jefferson, delator do mensalão.
Ao final do despacho de arquivamento, a
Procuradoria conclui: "As investigações não conseguiram comprovar o
desembolso de valores da empresa em favor do Partido dos Trabalhadores".
Agora, o arquivamento aguarda análise da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito
Federal, especializada em casos de lavagem de dinheiro.
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