12/01/2016
O paulistano Sergio Umberto Ingegneri foi operado de emergência três dias antes do Ano Novo, durante viagem de férias com a família
Após juntar as economias durante um ano para passar o Reveillon 2016
em Nova York, o casal Sérgio Umberto e Jaqueline Ingegneri e os dois
filhos, uma adolescente de 17 anos e um menino de 12 anos, naturais de
São Paulo (SP), realizaram o tão esperado sonho. Quando foram comparar
as passagens internacionais ainda no Brasil, foram informados sobre uma
promoção oferecida pela Mastercard que, se elas fossem adquiridas
através do cartão de crédito, eles ganhariam automaticamente um seguro
de viagem, explicou Jaqueline, via telefone, à equipe de reportagem do
BV, na sexta-feira (8).
Esta é a 3ª vez em que a família visita a Big Apple e planejava ficar
na cidade entre 22 de dezembro e 4 de janeiro, retornando ao Brasil
logo após a virada do ano. Em 28 de dezembro eles alugaram um carro e
visitaram New Jersey, passando a maior parte do dia no parque de
diversões 6 Flags, em Edison. Entretanto, o sonho começou a virar
pesadelo depois que Sérgio queixou-se com a esposa de fortes dores
abdominais, ainda durante o passeio no Estado Jardim. Na chegada ao
hotel, em Manhattan (NY), as dores persistiram e a balconista
(consiérge) ligou para um serviço de ambulância que levou o brasileiro e
sua família ao Hospital Roosevelt Mount Sinai, na 10ª Avenida, onde ele
foi atendido na emergência. Após ser submetido a exames de sangue,
urina e raios X, uma tomografia computadorizada revelou que Sérgio
sofria de obstrução intestinal e, portanto, precisava ser operado
urgentemente. Durante a cirurgia, os médicos constataram que o intestino
do brasileiro havia rompido e o conteúdo espalhado pelo abdômen, sendo
necessária uma lavagem intestinal e a extração de parte dos intestinos
grosso e delgado, detalhou Jaqueline.
Desorientada, ela contatou o seguro de saúde no Brasil e a atendente,
identificada como Fernanda, insistia todo o tempo que ela enviasse o
laudo médico à companhia. Na terça-feira (5), Sérgio recebeu alta do
hospital, mas a cirurgia não pôde ser suturada, pois o processo de
cicatrização, em casos assim, deve ocorrer de dentro para fora, explicou
Jaqueline. Quando enviou o laudo médico do esposo à seguradora e ligou
novamente, ela foi informada que o seguro não cobriria o atendimento de
Sérgio no hospital porque já havia ultrapassado a quantia de US$ 100
mil.
“Eles (seguradora) simplesmente nos abandonaram”, disse a brasileira
ao BV. “Eles aconselharam que nós fizéssemos um seguro de saúde
paralelo”.
Ela acrescentou que a seguradora queria repatriar Sérgio ao Brasil a
todo custo, embora o estado de saúde delicado do seu marido não permite
que ele embarque em um voo convencional.
Jaqueline detalhou que o médico responsável por seu marido deu-lhe
alta do hospital quando ele ainda tinha o seguro de saúde, mas
determinou no laudo que o paciente fosse atendido por uma enfermeira
enquanto estivesse em período de observação no hotel. Nesse período,
Sérgio foi infectado por duas bactérias, que foram combatidas graças a
antibióticos poderosos.
“O meu medo como mãe e esposa é lutar pela vida do meu marido. Eu
temo pela vida dele. Eu não seu até onde é o meu dever e o meu direito”,
desabafou.
Em 1 de janeiro, ela conseguiu enviar os filhos de volta a São Paulo
em um voo da Delta Airlines, após pagar US$ 150 por um acompanhante. Os
jovens chegaram ao Aeroporto Internacional de Guarulhos no dia seguinte
(2) e desde então estão sob os cuidados de familiares do casal.
“Eles (filhos) ficaram bastante abalados, pois viram o pai naquele
estado no hospital, aqui o sistema é diferente, mas agora estão bem no
Brasil”, disse Jaqueline.
Na tentativa de conseguir ajuda, ela disse que inicialmente contatou o
Consulado Geral do Brasil em Nova York. “O Consulado foi muito
objetivo: a atendente me disse para ligar em caso de óbito e mais nada.
Você perdeu os documentos? Você foi presa? Alguém morreu? Somente em
casos de óbito; somente indicamos a companhia aérea para levar o corpo.
Realmente, eu estou falando com o Consulado do Brasil”, relatou a
brasileira ao BV.
Durante a entrevista, ela detalhou que na segunda-feira (11), Sérgio
seria examinado novamente pelo médico que o acompanhava no hospital.
Durante o exame, o médico determinaria se o brasileiro teria a cirurgia
fechada, a manteria aberta e quantos dias mais ele deveria ficar sob
observação. No mesmo dia, a equipe de reportagem do BV tentou contatar
várias vezes, via telefone, o casal de brasileiros, mas não obteve
sucesso.
Na tarde de terça-feira (12), a equipe do BV contatou novamente o The
New York Manhattan Hotel, na 32nd St., em Manhattan (NY), onde os
brasileiros estavam hospedados, entretanto, foi informada por uma
atendente, que se identificou como “Sophie”, que o casal havia ido
embora naquele dia.
Ainda na terça-feira, a equipe do BV contatou, via telefone, Priscila
Tancredi, conhecida do casal, que informou que Sérgio Umberto havia
recebido permissão do médico nos EUA e, portanto, o casal viajou às 7
horas da noite de volta ao Brasil.
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