publicado em 29 de janeiro de 2016 às 10:57
Milagro Sala, presa por protestar, não saiu na capa da Folha |
Macri vai incendiar a Argentina
Em seu arrivismo neoliberal, o presidente Mauricio Macri está
brincando com fogo e pode incendiar a Argentina em curto espaço de
tempo.
A cada dia, nestes quase dois meses de governo, o empresário mafioso
adota uma medida antipopular e provoca a conhecida rebeldia dos
argentinos.
Nesta quarta-feira (27), ele anunciou o fim dos subsídios para a energia elétrica, o que aumentará a conta de luz em até 350%.
A decisão foi anunciada com arrogância como mais um passo para
enterrar o “populismo” da ex-presidente Cristina Kirchner e para
garantir a “austeridade fiscal”, tão ao gosto dos banqueiros e dos
ricaços que financiaram a sua apertada vitória eleitoral em novembro do
ano passado.
Segundo o novo governo, o corte reduzirá o déficit público e
viabilizará o pagamento dos títulos da dívida aos rentistas. O
Ministério da Fazenda, controlado por banqueiros, argumenta que os
subsídios “kirchneristas” abocanham a cerca de 4% do PIB. A meta é
reduzir esse índice para 1,5% ainda neste ano. O aumento da conta de
luz, porém, vai pressionar a inflação, sabotando a principal bandeira de
campanha de Mauricio Macri.
Até os chamados “analistas do mercado”, porta-vozes dos banqueiros,
já avaliam que com a medida a inflação passará dos 30% neste ano. As
maiores vítimas desta alta inflacionária serão os trabalhadores, que já
prometem greves pela reposição salarial a partir de março.
Conhecido por seu autoritarismo, o novo presidente tende a rechaçar
as pressões com mais violência. Após 12 anos sem cenas de repressão, a
Argentina voltou a ser palco de bombas de gás, cassetetes e tiros da
polícia. Servidores públicos demitidos — mais 15 mil — foram baleados e
críticos das medidas antipopulares já foram presos — como a líder
camponesa Milagro Sala, deputada do movimento Tupac Amaru.
Centenas decretos de “urgência” também foram baixados de forma
autoritária, como o que impôs dois ministros para Suprema Corte de
Justiça e extinguiu as duas agências de regulação dos meios de
comunicação. O império midiático do Clarín aplaudiu as medidas
ditatoriais, mas a rejeição popular nas ruas já se fez sentir, com
enormes manifestações de protestos.
Em entrevista ao site espanhol Rebelión, o economista
Cláudio Katz avalia que Mauricio Macri terá dificuldades para encerrar
seu mandato. “Em seu primeiro mês, Macri confirmou que encabeça um
típico governo de direita, que funciona com ajustes e repressão.
Terminada a campanha eleitoral, os chamados à concórdia sumiram e a cada
dia despertamos com um novo pesadelo. O mais grave são as demissões,
que já somam mais de 15 mil servidores públicos. Com a alta de inflação
nestas primeiras semanas do ano, a situação vai se agravar… Há uma
campanha oficial para facilitar demissões porque o governo sabe que
estrategicamente somente com um desemprego maior ele poderá lograr uma
forte recomposição dos lucros dos empresários”.
“Há um cenário de repressão que explica porque Macri governa por
decreto. O homem que falava em concertação, diálogo e consenso, não pára
de baixar decretos. Demissões e repressão necessitam de um governo
autoritário… Este é um governo das classes capitalistas de forma
descarada. Os que hoje remarcam os preços são gerentes que estavam no
setor privado e que hoje controlam a administração pública… É um governo
da classe dominante de forma explícita e descarada”.
No cenário desenhado pelo economista Cláudio Katz, fica a pergunta:
quanto tempo vai durar o reinado do mafioso Mauricio Macri? A conferir!
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