07 maio 2015 - Editado em 08/05/2015 às 08h00
Tem ficado cada vez mais claro que a direita brasileira, desde grupos
liberal-conservadores antipetistas que atuam online e offline até
páginas assumidamente reacionárias e militaristas de redes sociais, usa
em suas mensagens argumentativas e persuasivas uma ou mais estratégias
intelectualmente desonestas. Este artigo lista treze (mais uma bônus)
dessas táticas, que, mesmo facilmente perceptíveis para quem tem senso
crítico suficiente, acabam enganando pessoas pouco acostumadas com
reflexões e debates no campo sociopolítico.
Todas elas demonstram como a militância direitista tem falhado –
senão simplesmente se negado – em transmitir mensagens honestas, lógica e
factualmente válidas e bem raciocinadas para seus atuais e futuros
seguidores. Isso tem reforçado, em todo o país, a ascensão de uma
cultura conservadora “orgulhosamente” apedeuta e irracional, movida
muito mais por ódio, preconceitos múltiplos e fanatismo contra quem se
opõe a essa direita do que por ideias e bandeiras ideológicas.
1. Contradições, incoerências e duplipensar
Uma das características mais presentes e frequentes na argumentação da militância de direita é a contradição entre o discurso e a prática,
ou mesmo entre discursos distintos vindos da mesma pessoa ou entidade. É
um discurso tão contraditório e incoerente que acaba definindo
determinadas palavras-chave como se significassem exatamente o seu
oposto, no raciocínio chamado de duplipensar.
Por exemplo, o sujeito diz “defender” a democracia apelando para a defesa explícita do autoritarismo de Estado,
da repressão militar contra manifestações de movimentos sociais e do
impeachment arbitrário da presidenta Dilma Rousseff à revelia de provas
que a incriminem – isso quando não advoga pela supressão violenta do
regime democrático em favor de um golpe militar. O mesmo indivíduo que
de tarde diz “defender a liberdade” gastará sua noite declarando apoio à
perseguição de minorias políticas e à supressão das liberdades
individuais e direitos civis e políticos das mesmas.
O militante defende a meritocracia socioeconômica mas se opõe
ferrenhamente a políticas de Estado que deem o mínimo de condições para
pessoas de categorias sociais historicamente desfavorecidas poderem
competir com menos desvantagem em relação a homens brancos cisgêneros
heterossexuais herdeiros de famílias ricas. Opõe-se a ditaduras
socialistas, dizendo que “repudia o totalitarismo”, mas não hesita em
defender ditaduras de direita, como a de Pinochet no Chile e a dos
presidentes generais no Brasil, e minimizar os crimes cometidos por
elas. E promove um “humanismo” repleto de limites, contradições e interesses ocultos.
Tem sido bastante difícil encontrar formadores de opinião direitistas
que não caiam em contradição e incoerência. É de se teorizar, aliás,
que praticamente não há na direita brasileira nenhuma ideia popular
(como melhoria da educação, defesa da democracia, garantia das
liberdades individuais, proteção da propriedade privada, prosperidade
econômica etc.) que não esteja sendo ao mesmo tempo por ela “defendida” e
rasgada.
2. Falácias
A direita tenta trazer argumentos que agradem à população como um
todo, em especial as classes mais baixas e a média, mas não tem
conseguido fazer isso sem recorrer a falácias – argumentos que parecem
convincentes à primeira vista, mas possuem uma ou mais incorreções
lógicas ou apelos irracionais que invalidam a mensagem passada. As
falácias aparecem na tentativa de defender como “desejáveis” ideias que
na verdade são absurdas – como o descrédito ao Estado Laico, a
depreciação de movimentos sociais de esquerda, a defesa de “soluções”
autoritárias e violentas para a criminalidade civil, o apoio à
heteronormatividade e a derrubada da presidenta Dilma Rousseff como
“solução” para a corrupção.
Um exemplo clássico do uso intensivo e incessante de argumentos falaciosos é o da comentarista Rachel Sheherazade.
Uma análise crítica de cada discurso conservador proferido por ela
levará a pessoa verificadora à conclusão de que nada, nada mesmo, que
ela diz escapa de se enquadrar em algum tipo de falácia – como falsa
dicotomia, falácia do espantalho, falácia de omissão, redução ao
absurdo, desqualificação pessoal (ad hominem), distorção de fatos, omissão de fontes, bola de neve, apelo à multidão etc.
O mesmo se aplica a outros formadores de opinião, que frequentemente
têm seus textos refutados por contra-argumentadores de esquerda. Poucos
argumentos seus, senão nenhum, livram-se de uma boa análise detectora de
falácias.
3. Mitos insistidos
Algo marcante na direita é que seu sucesso e prestígio depende de se
manter seu público-alvo alheio a um conhecimento aprofundado sobre os
problemas sociopolíticos para os quais ela apresenta “soluções”. Sem
essa noção sobre a essência filosófica, sociológica, política, econômica
etc. dessas questões, cai-se fácil em argumentos cativantes que, na
verdade, são comprovadamente mitos e já foram refutados.
Como exemplos de mitos já desmascarados mas ainda assim insistidos pela direita, estão a eficácia da redução da maioridade penal na diminuição das estatísticas de violência, a inerência do egoísmo e da violência à “natureza humana”, a dicotomia entre “cidadãos de bem” e “bandidos”, a legalidade e “importância democrática” da “intervenção militar constitucional” e a capacidade de autorregulação e sustentabilidade de um mercado livrado de toda e qualquer regulamentação legal.
A carência de acesso a uma educação (escolar, extraescolar e
autodidática) básica decente em disciplinas de humanidades (Sociologia,
Economia, Política, Filosofia, Direito etc.) e a invisibilização das
refutações, cujas fontes têm uma audiência ínfima e inibida em
comparação aos formadores de opinião de direita, proporcionam que as
pessoas, em especial as mais suscetíveis a crer nesses opinadores,
permaneçam crendo nesses mitos.
4. Mentiras e boatos
Boa parte dos militantes de direita, em especial os reacionários e
antipetistas ferrenhos, partem para a desonestidade explícita de forjar
supostos fatos que tentem incriminar seus opositores (como os
presidentes petistas Dilma e Lula e os movimentos sociais). Mas não
demora até que essas notícias sejam desmascaradas como boatos, mentiras.
Um exemplo que já se tornou um clássico de boataria da atualidade no Brasil é a página Revoltados Online. Frequentemente recorrem à invenção de fatos falsos contra Dilma, Lula e seu filho Lulinha, os professores reprimidos pela polícia em Curitiba em 29/04/15, defensores dos Direitos Humanos e outras pessoas e entidades, na tentativa de lhes queimar a reputação política.
Também são arrebatadoramente comuns as mentiras contra Lula e o deputado federal Jean Wyllys.
Nos períodos de campanha eleitoral presidencial, os boatos assumem
proporções ainda mais esmagadoras contra a pessoa presidenciável do PT,
como se viu em 2010 e 2014 contra Dilma.
5. Manipulações e distorções de fatos verdadeiros
Numa linha similar à dos boatos, estão as manipulações de fatos
verdadeiros. Notícias que dizem X são distorcidas de modo que são
transformadas em fa(c)to(ide)s que dizem XYZ (ou KWY), na tentativa de
jogar a população enganada contra o indivíduo ou entidade difamado.
Exemplos de meias verdades desse tipo podem ser encontrados em páginas como a Revoltados Online. Nessa postagem de refutação de alguns boatos vindos daquela página,
foi mostrado como o investimento governamental na atividade de
empreiteiras nacionais em obras em outros países foi maliciosamente
manipulado e “transformado” em empréstimo direto a Estados estrangeiros
com governos de esquerda, como Nicarágua, Cuba, Bolívia e Uruguai. A
mesma postagem exibe como a proposta do ministro Ricardo Berzoini de
regulamentar a imprensa no Brasil foi distorcida e convertida numa
“abominável” tentativa de controlar e censurar a mídia nacional.
Em postura parecida com a dos “Revoltados”, Rachel Sheherazade, em um discurso seu supostamente sobre intolerância religiosa,
manipulou os fatos sobre uma ação judicial da Prefeitura de
Florianópolis para revogar uma inconstitucional obrigatoriedade de haver
bíblias cristãs nas bibliotecas das escolas municipais. A ação foi
convertida, imaginária e falaciosamente, numa tentativa de proibir a
presença desses livros religiosos naquelas instituições de ensino e,
portanto, “perseguir” o cristianismo.
6. Baixaria e ataques pessoais
Também é muito comum ver militantes de direita partindo para um nível
de argumentação ainda mais baixo e sujo. É o caso daqueles que partem
para a pura baixaria e para ataques pessoais contra opositores.
As Pérolas de direita do Consciencia.blog.br
trazem, todos os sábados, exemplos novos desse festival de baixaria e
ofensas que se vê em incontáveis páginas de direita. Na diversidade de
furiosos ataques contra membros de sua oposição, abundam, do alto de um
arrebatador desequilíbrio emocional, os xingamentos contra Dilma, Lula, o
prefeito paulistano Fernando Haddad, as feministas, o movimento de
pessoas não heterossexuais, os movimentos de trabalhadores sem-terras e
sem-tetos etc.
Nessa onda de violentos ataques verbais, muitos seguidores dessas
páginas participam da baixaria nos comentários, multiplicando os
xingamentos, o ódio e os rompantes de agressividade e fanatismo. Fica
muito evidente, quando se lê algumas postagens antipetistas reacionárias
e os comentários delas, o quanto os ascendentes movimentos de direita
têm chamado a atenção muito menos por suas bandeiras e ideais
liberal-conservadores do que pelo fanatismo e pelo ímpeto de violência
verbal – que às vezes se converte em violência física, como foi visto em
alguns dos protestos de direita de 15 de março.
7. Maniqueísmo: direita “do bem” vs. oposição “do mal”
Alguns dos movimentos e páginas de direita mais exaltados partem
também para um outro tipo de baixaria: o maniqueísmo. Dividem o cenário
político brasileiro, numa clara incitação à intolerância, ao ódio e ao
fanatismo, em direita “do bem”, composta por “cidadãos de bem” que
“lutam contra a corrupção” e “pela liberdade”, e PT e esquerda “do mal”,
de caráter “diabólico”, “destruidores” do país.
Isso tem sido visto em páginas como a Revoltados Online, que foi flagrada algumas vezes tachando sua “luta” contra o governo petista de “guerra do bem contra o mal”. Também é percebido em mensagens indiretas, como a terceira imagem desse post de pérolas de direita.
Numa postura distante da maturidade e da seriedade, os maniqueístas
de direita desenham a esquerda como se fosse uma sanguinária vilã,
desejosa de destruir as famílias brasileiras, tomar os bens da classe
média, criminalizar os relacionamentos heterossexuais e impor um regime
totalitário que enterraria para sempre as liberdades individuais da
população. Demonstram, nessa atitude, que não estão dispostos a debater,
mas sim a intolerantemente atacar e destruir seus opositores, com ódio e
autoritarismo.
8. Controle psicológico das pessoas, por meio da incitação ao medo, ao ódio e ao fanatismo
O controle das massas é um desejo de parte dos movimentos e páginas
de reacionarismo no Brasil. É visível a iniciativa deles de manipular o
que as pessoas pensam e creem, através de recursos escusos como o apelo
ao medo contra o “comunismo” e a continuidade do mandato de Dilma, a
incitação ao ódio irracional contra o PT e o açulamento do seu
público-alvo de modo que se torne um “exército” de fanáticos.
Nessa incitação, as pessoas são induzidas a crer no que eles querem
que creiam. São convencidas, pelo medo de ter seus bens confiscados e
suas famílias desagregadas à força, de que a esquerda ou o PT querem
implantar uma “ditadura comunista” – se não já implantaram – e, por
isso, devem ser perseguidos e eliminados. Como exemplo disso, novamente a
página Revoltados Online é evocada, por seu linguajar fortemente agressivo e suas tentativas de induzir crenças fanáticas, medo e ódio nos seus seguidores.
9. Preconceito
O preconceito contra a esquerda, o PT e inúmeras minorias políticas é
uma constante em páginas de direita, seja de maneira explícita, seja de
forma sutil. Homofobia, lesbofobia, machismo, elitismo, racismo (velado
ou explícito), transfobia, xenofobia, gordofobia, intolerância
religiosa, intolerância política etc. são comuns de se ver no conteúdo
panfletário da direita.
É muito frequente ver ofensas misóginas, gordofóbicas e lesbofóbicas
contra Dilma em páginas reacionárias. Também não é raro ver gente
defendendo, do alto de seu preconceito elitista, que pessoas
beneficiárias do Bolsa Família tenham seu direito político ao voto
cassado. O ódio homo-lesbofóbico e misógino também é lugar-comum, já que
o reacionarismo no Brasil é inspirado, em parte, no fundamentalismo
evangélico e católico, no militarismo e em outras milenares tradições
patriarcais.
Fica evidente que o “Brasil ideal” defendido pela direita brasileira
contemporânea é um país onde, além de haver o império do autoritarismo,
as minorias políticas são constantemente perseguidas, praticamente não
têm direitos e são obrigadas a prestar submissão aos homens cisgêneros
brancos heterossexuais cristãos (fanáticos) e ricos.
10. Autoritarismo
Por mais “liberal” ou “libertária” que às vezes se tente intitular, e
por mais que use as palavras “livre” e “liberdade” em seus discursos, a
parcela mais visível da direita brasileira tem o autoritarismo em sua
essência. Sua “defesa da liberdade” deixa muito evidente o quanto é uma
farsa, ao negligenciar por completo a defesa das liberdades individuais
não econômicas para a maioria da população – pertencente a uma ou mais
minorias políticas – e defender o silenciamento violento da esquerda e
das demandas sociopolíticas dos desfavorecidos por parte do aparelho
repressor do Estado. E é comum vê-la não só defendendo, como também
praticando, o autoritarismo em suas posições.
Isso é percebido, por exemplo, quando páginas de direita consideram a
simples expressão política discordante uma “violação” moral, tachando
quem não concorda com uma ou mais posições defendidas de “comunistas”,
“esquerdistas” e/ou “petralhas”, demonizando-os e bloqueando-os, ou
então respondendo-os com grosseria e má vontade.
Essas páginas e movimentos parecem esperar que sua audiência diga
amém a tudo que falam e argumentam. Dizem “defender a liberdade” mas são
os primeiros a hostilizar e censurar quem pensa diferente. Tentam
empurrar goela adentro da sociedade, longe de submeter à dialética
aprimoradora de ideias, suas crenças político-ideológicas. É uma postura
vista mais em páginas reacionárias, como o perfil do ideólogo
extremista Olavo de Carvalho no Facebook.
11. Teorias da conspiração e paranoia
De vez em quando, destacam-se as teorias da conspiração na fala de
formadores de opinião direitistas, como o mesmo Olavo de Carvalho.
Segundo eles, há uma conspiração “comunista”, atribuída ao Foro de São Paulo,
tramando a “destruição da família”, o “confisco da propriedade
privada”, a “proibição” da heterossexualidade, a implantação de um
“governo comunista continental” e outras supostas providências
consideradas absurdas e inaceitáveis. Como “solução”, defendem ora um
golpe militar, ora a eleição de algum radical mão-de-ferro de direita,
entre outras que desaguam na perseguição política violenta contra a
esquerda e na eliminação das liberdades políticas.
Esse conspiracionismo trabalha aquilo que na verdade é um espantalho,
uma fantasia sobre os verdadeiros objetivos e interesses da esquerda
brasileira. E muitos direitistas promovem essa fantasia com o intuito de
instigar a população para que tenha medo da esquerda e ódio irracional
contra o PT, o PSOL, outros partidos originalmente defensores dos
interesses populares e os movimentos sociais. Uma população dominada
pelo medo e induzida ao ódio é muito mais fácil de se arrebanhar e
controlar para que sirva de massa de manobra para defender e facilitar
interesses alheios, como será mostrado mais adiante.
12. Projeção psicológica, inversão de fatos
A Wikipédia define a projeção psicológica como “um mecanismo de
defesa no qual os atributos pessoais de determinado indivíduo, sejam
pensamentos inaceitáveis ou indesejados, sejam emoções de qualquer
espécie, são atribuídos a outra(s) pessoa(s)”. É algo extremamente comum
na direita brasileira.
É corriqueiro ver os mesmos opinadores ou formadores de opinião
direitistas sendo autoritários e acusando a esquerda de autoritária,
promovendo múltiplos preconceitos e intolerâncias e tachando-a de
preconceituosa e intolerante, defendendo ditaduras de direita e tachando
militantes de esquerda de “comunistas totalitários” – mesmo que sejam na verdade opositores de ideologias socialistas autoritárias -, acusando seus opositores de serem “contra a família” enquanto eles mesmos defendem a negação e rejeição contra famílias não “tradicionais” e a desagregação de muitas famílias heterossexuais nucleares, entre diversos outros exemplos.
A direita costuma tentar atribuir ao outro lado desqualidades que na
verdade são características ou objetos de defesa constante dela. Tenta
assim parecer palatável para a maioria da população, historicamente
castigada pelas desigualdades sociais, pelas crises econômicas e por
governos capengas, e assim conquistá-la pelo coração e fazê-la ter ódio e
preconceito contra a esquerda.
13. Apresentação de “soluções” simples, fáceis e rápidas para problemas complexos e de tratamento difícil e demorado
Tem sido muito comum, nesses últimos anos, “denunciar” problemas como
a corrupção, a iniquidade governamental e a falta de honestidade na
política e apresentar supostas “soluções” simples, fáceis e rápidas.
Tem-se insistido, por exemplo, que a remoção forçada de Dilma da
presidência e a criminalização do PT irão “acabar com a corrupção” ou
diminuí-la severamente.
Esse discurso se baseia na falácia de que o PT é o partido mais
envolvido em escândalos de corrupção na história do país, muito mais do
que, digamos, o PSDB, o PMDB, o DEM e o PP. Isso quando não se deixa a
entender que o Partido “dos Trabalhadores” é o único partido abrigador
de corruptos no Brasil.
Omite-se espertamente que a corrupção tem raízes profundas e
multicentenárias, senão milenares, na história cultural e política
brasileira (ou ocidental), tendo sido forte em todos os governos
presidenciais, imperiais e coloniais no país. Esconde-se que bastará
muitíssimo mais do que a remoção de um único partido e uma única
autoridade do jogo para que ao menos se diminua e se desempodere a
cultura da desonestidade e do “jeitinho”.
Outros exemplos de “soluções” mágicas apresentadas para problemas
difíceis são o recrudescimento e brutalização das ações policiais para
“acabar” com a violência urbana, a militarização
e/ou privatização do ensino para eliminar os problemas da educação
pública, a entrega do SUS a empresas privadas para “solucionar” a
precariedade da saúde pública e a restauração da educação doméstica
religiosa moralista e fortemente autoritária para se “combater” a
criminalidade juvenil e a erotização de adolescentes.
Bônus: arrebanhamento das massas em torno de interesses privados
Todas essas treze estratégias concentram-se num objetivo maior:
arrebanhar as massas, controlá-las psicologicamente e torná-las massa de
manobra para a defesa de interesses privados que, não percebem elas,
atentarão diretamente contra sua dignidade, seus direitos, suas
liberdades e suas prerrogativas democráticas.
Fica muito evidente que a maioria da direita brasileira não está afim
de debater ideias e bandeiras a sério, racional e honestamente. Aliás,
ela é interessada na manutenção da ignorância sociopolítica da
população. A falta de conhecimento suficientemente aprofundado sobre os
problemas sociais, políticos, econômicos, ambientais, jurídicos etc. do
Brasil e do mundo, assim como a carência de senso crítico, torna a
sociedade vulnerável a acreditar em tudo o que a direita diz através de
seus ideólogos e formadores de opinião, mesmo que eles incidam nas treze
desonestidades descritas neste artigo.
Graças a esses métodos sujos, a opinião pública adere a essas crenças
político-ideológicas e, de quebra, é induzida a emoções como medo e
ódio e a posturas fanáticas e intolerantes de aversão àqueles que são
alvos dos ataques vindos dos direitistas. Fica pronta assim a fórmula
para a mobilização de protestos e outros comportamentos coletivos
demandando, por exemplo, a derrubada ilegal de Dilma Rousseff do poder, a
criminalização do PT e a eleição de um presidenciável conservador
mão-de-ferro, sob pretextos ingênuos como o “combate à corrupção” e a
“defesa da democracia”.
No final das contas, as massas acabam opondo-se ao que poderia ser a
sua chance de redenção – as lutas dos movimentos sociais, as bandeiras
de direitos da esquerda, o avanço da democratização na cultura política
brasileira etc. – e defendendo, sem saber, interesses nada públicos,
como a perpetuação e fortalecimento do poder político oculto, e do lucro
e dos privilégios de grandes empresários, magnatas da comunicação e
políticos conservadores nada honestos ou democratas.
Essa desonestidade sistemática da parcela mais visível da direita
formadora de opiniões precisa ser denunciada com frequência. E novas
estratégias precisam ser pensadas para se impedir que ela continue
enganando, cativando e arrebanhando mentes e corações em torno de uma
desconexa fantasia que poderá resultar em graves danos à democracia e às
liberdades e direitos individuais e coletivos, incluindo até mesmo o
direito à vida e à integridade físico-psicológica e a dignidade humana,
no Brasil.
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